Se você ainda não sabe a diferença entre ciúmes e possessividade ou/e está passando por isso em seu relacionamento, continue lendo e aprenda a lidar com esse tipo de situação.

Em qualquer tipo de relacionamento, o vínculo entre duas pessoas pode ter diferentes intensidades e, se por um lado permite experimentar sentimentos como amor e amizade, por outro pode se caracterizar por emoções que, se não forem geridas e profundamente compreendidas, podem comprometer o relacionamento.
Nos relacionamentos amorosos, por exemplo (mas isso também acontece na família, entre pais e filhos), pode-se experimentar o ciúme, sentimento que, nas doses certas, expressa o vínculo com o parceiro e aquele senso de exclusividade que se sente em relação à pessoa amada.
O ciúme, às vezes, pode se tornar patológico: quem o experimenta sente a relação constantemente ameaçada, vive na dúvida da traição e, muitas vezes, não é capaz (apesar de poder perceber isso) de lidar com ele de maneira saudável, chegando à possessividade.
O que acontece quando o ciúme se torna possessão? Há diferença entre ciúmes e possessividade? Quais vínculos são sujeitos à possessão na psicologia? Continue lendo e descubra!
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O que significa possessividade?
O dicionário Dicio define a possessividade como “qualidade de quem é possessivo; fato de se mostrar possessivo, dominador.” Ou seja, a pessoa que manifesta um apego ciumento a tudo que possui e, no âmbito das relações interpessoais, tende a querer toda para si a pessoa amada, excluindo-a das relações com outros, chegando a limitar e oprimir a personalidade dela.
Com essa definição clara, já podemos entender o que é uma “pessoa possessiva” e como ela vive o vínculo com o outro. A possessividade é um termo que descreve um conjunto de comportamentos que pode comprometer as relações, desencadeando mecanismos de manipulação emocional e controle, levando a um relacionamento tóxico.
Por que as pessoas são possessivas? Qual é a diferença entre ciúmes e possessividade? Vamos começar respondendo a essa última pergunta.
Diferença entre Ciúmes e Possessividade
Possessividade e ciúmes parecem muito semelhantes. Ambos surgem dentro dos relacionamentos e podem estar ligados a uma insegurança profunda que leva a pessoa a sentir a necessidade de “ter a outra pessoa toda para si”.
A diferença fundamental entre ciúmes e possessividade está no fato de que, enquanto o ciúme é um sentimento, a possessividade é um conjunto de comportamentos que podem seguir a ideia (mais ou menos implícita) de ter o direito de se impor na vida do outro, anulando sua individualidade. Comportamentos manipuladores e controladores são uma das principais características da possessividade.
Como age uma “pessoa possessiva”? Ela age impulsionada por uma mania de controle que pode se transformar em manipulação emocional, violência psicológica (como no caso de perseguição) até chegar a comportamentos de agressividade e violência física que podem ter consequências trágicas.
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A possessividade do narcisista também possui esses elementos, utilizados para obter o “alimento narcisista” de que precisa. Uma pessoa com transtorno de personalidade narcisista, devido à falta de empatia, tem dificuldade em se identificar com os sentimentos dos outros e pode fazer exigências que acabam limitando a liberdade do outro.
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Possessividade: Sintomas
Entre as principais características da possessividade, que também aparecem como sinais de um amor possessivo, estão:
- Tendência ao controle obsessivo (do celular, das contas nas redes sociais, das pessoas com quem o parceiro se relaciona).
- Frequente tendência à raiva e à agressividade.
- Tendência a isolar a pessoa amada, afastando-a de suas amizades e contatos sociais.
- Imposição de horários ou comportamentos específicos.
Esses comportamentos são frequentemente alimentados por insegurança, medo do abandono e medo da rejeição, que podem causar pensamentos recorrentes e obsessivos. Assim como acontece com Otelo, de Shakespeare, nenhuma garantia será suficiente para acalmar a ansiedade de um parceiro possessivo no amor:
“Confesse honestamente o seu pecado. Porque mesmo que você o negue, e com juramento, ponto por ponto, você não poderia atenuar nem destruir essa forte convicção da sua culpa que me faz delirar.”
Possessividade: As Causas Possíveis
Por que as pessoas são possessivas? O que está por trás da possessividade? As causas que levam a exercer a possessão no amor e em outras relações podem ser variadas. É importante considerar o contexto sociocultural as experiências de vida.
As raízes da possessividade podem ser encontradas na infância: o surgimento da possessividade, na psicologia, está frequentemente ligado ao tipo de estilo de apego.
Como nos ensina a psicologia infantil, quando nas primeiras fases da vida se vivenciam experiências em que os cuidadores agem de forma imprevisível (de modo que as necessidades da criança não foram consideradas ou satisfeitas de maneira razoável), é possível que na idade adulta se desenvolva um estilo de apego possessivo.
Um apego possessivo é caracterizado por:
- Idealização do parceiro
- Necessidade de simbiose e medo da solidão
- Breadcrumbing
- Ansiedade, ciúmes, possessividade e raiva
Assim, inicia-se um mecanismo que transforma o medo de perder a pessoa amada em um vínculo baseado em limitações e concessões, controle obsessivo da vida do outro exercido por diversos meios.
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Quando os Pais são Possessivos
Mesmo na família, como mencionamos, pode haver um certo grau de possessividade, que pode causar dinâmicas disfuncionais, especialmente quando o controle vem de pais extremamente ciumentos ou mães possessivas.
Os pais ciumentos dos filhos, se não lidarem com esse sentimento de forma saudável, podem influenciar negativamente a maneira como a criança viverá suas relações interpessoais, propondo um modelo de relacionamento baseado no controle do outro e na falta de empatia, favorecendo uma “salvação emocional” pessoal totalmente ilusória.
Uma mãe excessivamente possessiva, por exemplo, tenderá a ser tão ciumenta que se intrometerá e orientará até mesmo as escolhas pessoais dos filhos (sejam relacionadas às amizades ou aos relacionamentos amorosos), correndo o risco de preparar (inconscientemente) o terreno para conflitos familiares que poderão surgir também na vida adulta.

Um Amor Possessivo
Como vimos, o homem possessivo ou a mulher possessiva, nos relacionamentos amorosos, tendem a adotar uma postura controladora, às vezes suspeita, e manipuladora, lutando contra o medo do abandono e a baixa autoestima.
No entanto, não é sempre fácil reconhecer (ou reagir a) comportamentos causados por ciúmes e possessividade no amor, especialmente quando se trata das primeiras experiências sentimentais.
Uma pesquisa investigou a percepção dos adolescentes sobre relações saudáveis e não saudáveis, chegando à conclusão de que “Alguns adolescentes têm dificuldade em compreender os atributos do relacionamento, como ciúmes e possessividade, pois esses comportamentos podem ser percebidos como expressões de forte interesse romântico.”
Então, o que é o amor possessivo? Isso é realmente romantismo? Simplesmente, não é amor. Amor e possessividade não podem coexistir em um relacionamento saudável.
Pode parecer uma afirmação forte, mas refletindo bem, se a possessividade é baseada na vontade de anular necessidades, desejos e exigências do parceiro, fica claro que um amor possessivo não pode ser chamado de amor, porque falta o reconhecimento da individualidade de cada membro do casal.
A pessoa possessiva no amor acredita firmemente que pode decidir sobre a liberdade do outro, impedindo o parceiro de expressar sua personalidade e fazer suas próprias escolhas, afetando gradualmente todos os aspectos da vida do parceiro, como amizades, trabalho, gestão de recursos (inclusive financeiros) e autonomia.
Embora a possessividade no amor possa inicialmente ser interpretada como interesse e dedicação, como valorização da unicidade do outro, aos poucos, corre-se o risco de se fechar em um relacionamento exclusivo e sufocante, alimentado por suspeitas, solidão e angústia.
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Possessividade: Como Superá-la
É possível diminuir a possessividade do parceiro? Como tratar a possessividade quando somos nós a agir dessa forma? Em ambos os casos, pode ser útil procurar a ajuda de um psicólogo.
O trabalho realizado com um terapeuta pode ajudar a pessoa a compreender as razões de seus comportamentos possessivos, investigando as causas mais profundas que os desencadearam. Somente o psicólogo terapeuta pode usar diferentes ferramentas diagnósticas, como o teste de possessividade.
Além do percurso terapêutico mais adequado, um terapeuta experiente pode guiar o paciente na construção de um diálogo com o parceiro ou membros da família com quem surgiu o problema, tanto para orientá-lo sobre como ajudar uma pessoa possessiva quanto para apoiá-lo na redescoberta de si mesmo e na escuta de suas próprias necessidades. Esses objetivos também podem ser alcançados com sessões de terapia de casal ou familiar.
Este é um conteúdo informativo e não substitui o diagnóstico de um profissional.