Sobre o medo de se aproximar das pessoas

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Eu tenho medo de me aproximar das pessoas.

Manter-me distante de todos é um hábito arcaico meu. Minhas amizades sempre foram marcadas por pontos prolongados de silêncios, informações ocultadas e afastamentos abruptos. Eu simplesmente não conseguia permitir que as pessoas se aproximassem de mim. Elas davam um passo e eu recuava dois.

Sempre.

Eu perdi mais pessoas do que posso contar. Mais momentos do que posso mensurar. Eu deixei passeios que era para ser divertidos em tons de cinza. Conversas que deveriam ser alegres em pausas sem sentido.

Eu me despedacei. Eu despedacei os outros.

Não conseguia fazer novas amizades. As que tinham se desgastavam com o meu medo. Elas ficavam o quanto sua paciência permitia e depois partiam.

Aproximar-me era minha fobia particular. Uma fobia que se fosse destrinchada se transformaria em outras palavras, outras letras que se juntavam para formar a escuridão que carregava. Ela se transformava em inseguranças. E as inseguranças se destrinchavam no medo de cometer erros.

Os erros se transformavam em falhas e ansiedade. Falhar com o outro através da minha verdade. O medo de ser e magoar. Em falhar com o outro. Em quebrar expectativas.

De me aproximar e perder.

E então buscar se afastar.

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E tudo isso se juntou nas cinzas que me encontrava. Um mundo escuro e solitário.

Mudar esses hábitos e provar para seu cérebro que isso pode ser diferente, não é algo fácil.

E eu demorei muito para perceber o quanto isso era tóxico e venenoso. O quanto aquilo fazia o meu coração sangrar.

Dar o primeiro passo é como pisar em espinhos. É a insegurança de que ao se aproximar ao invés de recuar, será doloroso. É o medo de ferir e ser ferido. O medo de expressar o que sente. É o ser e esse ser, não ser o bastante. É, ao permitir ser e expressar, acabar machucando mais do que antes.

Eu estou sentindo isso agora. Estou sentindo tudo isso em meu peito. Todos esses medos gritando enquanto dou meus primeiros passos.

Eles não vão embora agora. Eles não vão apenas sumir. Eles vão se pesar em lágrimas e palavras que tropeçam.

Mudar sempre é difícil.

Mas eu já perdi demais para continuar assim. Meu coração se quebrou em pedaços o bastante para que o medo de se aproximar fosse mais forte.

Preciso tentar.

Por mim.

E por um futuro longe dessas sombras, compartilhando um amanhecer com amigos. Com pessoas que quero ao meu lado.

Vanessa Silvana

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