A ansiedade acaba com a minha vida

Ouça, caso queira, essa música enquanto ler o texto.

Entrei em casa e fui direto para o banheiro. Tomei um banho quente, coloquei uma música para relaxar e até acendi um incenso. Fiz um chá de camomila, afastei todos os estímulos, apaguei a luz e deitei na cama bem enrolada e com o ar-condicionado na temperatura que eu gosto.

25 minutos se passou e eu ainda estou olhando fixamente para um ponto de luz no canto da parede. Tenho medo que ela apareça novamente. E esse medo não me deixa dormir. Começo a ficar com raiva por dá vazão a essa merda que – ainda – me domina. Sei que vai chegar um dia em que ela não aparecerá com tanta frequência e eu não precisarei ficar a mercê do que ela faz comigo, no entanto, enquanto esse dia não chega, preciso dizer que a ansiedade acaba com a minha vida.

Não consigo fazer nada. O silêncio torturante que paira no meu quarto, me faz assistir um filme que só existe na minha cabeça. No roteiro, todas as expectativas que crio – sem necessidade alguma – sobre coisas/situações/pessoas que nem merecem tanto a minha atenção.

E isso me consome.

Desde que me lembro, sempre fui ansiosa. Vivo presa ao futuro e esqueço-me completamente do presente. O que é isso mesmo? Nunca tive certeza de nada, o que me leva a zero controle sobre situações ou pessoas. Mas ninguém consegue ter controle de nada, engana-se quem pensa que tem controle de algo ou alguém. Eu penso dessa forma. Por esse motivo minha vida é um caos.

Sei a respeito de tudo isso. Na verdade, eu sempre soube. Mas saber sobre isso, nunca me impediu de acreditar que eu podia manipular ou fazer algo que pudesse mudar a ordem das coisas. Como lutar com essa sensação que permanece?

Simplesmente não dá.

Olho o relógio. 45 minutos. Nada de sono. Fecho os olhos me obrigando ao menos cochilar. Todas as minhas nóias reaparecem. Viro para o lado e elas continuam ali. Decido olhar no relógio mais uma vez, torcendo para que tenha passado mais alguns minutos desde a última vez que vi. Quando olho, 50 minutos.

Meu coração acelera.

A respiração fica pesada.

Os olhos anuviados.

As mãos trêmulas e suadas.

A garganta com um bolo quadrado que me aperta.

Uma sensação de tontura.

O medo aparece.

Sinto que vou morrer.

Lágrimas escorrem pelo meu rosto.

15 minutos depois. Aqui estou. Não morri. Mas pela milésima vez pensei que cheguei perto. Um sentimento de indiferença. A ansiedade maltrata muito mesmo. Mais uma vez ela ganhou a batalha. Mas sigo lutando diariamente contra este monstro invisível que me atormenta todos os dias. Certa de que um dia, eu vencerei essa guerra.

Vanessa Pérola

Imagem: https://www.pexels.com/ 

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