A última dose de você

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Meu corpo anseia pelo seu desejo, minhas mãos me traem e lhe envio uma mensagem, quero te ver, quero te sentir, preciso de mais um beijo, preciso da sua respiração na minha pele, preciso de um último abraço, o que vai vir depois não me interessa, preciso de você, estou pronta, eu tenho pressa.

O tique-taque do relógio me deixa mais nervosa, minutos se tornam horas, e a espera não diminui a vontade de ser sua, completamente sua, mais uma vez.

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O interfone toca, desço as escadas, dou boa noite para o porteiro, entro no seu carro, e logo me sinto inebriada pelo seu cheiro, sua mão aveludada segura fortemente a minha, a voz rouca me deseja boa noite, e seu beijo mais uma vez cobiça a minha boca, e em uma pura sincronia ao som da guitarra do Slash tocando November Rain nos entregamos ao momento.

Saímos para tomar um vinho, você me conta como a sua vida está, não presto atenção em detalhe algum, apenas te fito e tento entender o que de fato me prende em você? O sorriso de lado, as covinhas da bochecha, os olhos castanhos, mas que em dias de chuvas parecem cor de mel, a sua segurança de ser, ou simplesmente o jeito que me faz sorrir? São detalhes que me ganham, me rendo aos seus caprichos, e não escondo o quanto você me afeta. E como sempre você termina a frase dizendo:

– Sabe que não vou me envolver. Dou um sorriso de deboche e respondo com outra pergunta:

– E quem disse que eu quero? Nossa noite termina com um cinzeiro de cigarros já apagados, o sol nos dando bom dia pelas frestas da janela, eu sei que é hora de ir, porem a esperança me prende no feeling do momento tornando tudo ainda mais doloroso.

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Chego em casa ainda com seu cheiro em meu corpo, me debulho em lágrimas ao contemplar um apartamento tão vazio, meu estomago embrulha e de repente toda a sensação de euforia se torna em tormenta. Não sinto fome, não sinto frio, mal sinto as minhas pernas, meus olhos gotejam lágrimas como se tivessem aberto as comportas do Niágara.

– Que seja somente mais essa vez, Carolina.

Suas palavras fixas em minha mente não me deixaram dúvidas de que era realmente um adeus. Somos diferentes nessa relação louca que tanto nos completa, você não se prende a ninguém e eu sempre jurei que de ti não ia depender, é apenas casual, depois cada um na sua, a vida segue e os desejos também. Só que dessa vez não foi apenas paixão, você quebrou minhas estruturas e eu me vi em suas mãos.

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O seu ego não permitiu que enxergasse tudo o que eu queria lhe mostrar, o meu medo por sua vez me segurava de em sua vida realmente eu me jogar. Seguimos caminhos distintos, porem os sentimentos não escolheram essa opção, o coração lateja, o peito aperta, e os olhos que pagam o preço, o prazer se foi e deu lugar a dor.

Me sinto uma drogada em recuperação, sai do estado de vigia, não posso cair novamente na reabilitação, mas na primeira oportunidade, injeto a adrenalina diretamente no peito, e em dosagem única me atiro em seus braços, o efeito é viciante, os efeitos colaterais também. Me dou por vencida e peço novamente a minha internação. Não quero velo, não posso saber que esteve por aqui, preciso seguir em frente e viver para mim.

O que se perdeu ou que se desistiu nunca mais voltará como era, o nosso game termina em over, não teremos outra revanche, ninguém notou, mas eu decidi viver, esse vício acaba hoje. Desculpa, mas foi minha última dose de você.

Regiane Vieira

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