Te amo agora e para sempre

Dei um passo à frente para logo voltar a recuar.

O medo me assolou e sei que não posso fazer isto sozinha.

Preciso sentir a sua mão junto à minha, o seu calor e conforto. Sei que se entrar agora todas as barreiras que ergui serão quebradas.

Pego no celular e quando digito o seu número, logo me recordo que não posso mais contar com ele. O meu amigo desapareceu num misto de trevas e névoa.

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Coloco a mão no portão e sinto a ferrugem entranhar-se na minha pele, o meu corpo retesa-se e por momentos sinto que todos os meus ossos estão prestes a quebrar, desta vez não há volta a dar. Tenho que fazer isto!

Caminho lentamente por aquele sítio tenebroso e os fantasmas da minha mente bailam bem na minha frente.

“Desapareçam” ─ sussurro para mim mesma, sabendo que a minha sanidade mental depende disto.

Paro! Por momentos as minhas sapatilhas soltam raízes e instalam-se no chão de cimento quebrado, o vento sopra e enregela-me as faces outrora rosadas. Deixo escapar a minha mágoa e as lágrimas rolam, quando, finalmente, consigo estar junto ao retiro final do meu melhor amigo.

O olhar da sua fotografia penetra-me e fico sem reação.

Aflora-me à memória o sorriso que fazia quando depois de um dia de aulas se sentava no meu sofá e dizia: “Finalmente você está só branquinha”.

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Agora o seu corpo reside inerte numa caixa de madeira e nunca mais poderei sentir o seu hálito a canela e o seu murmúrio quente no meu ouvido.

O céu lamuria-se e ameaça chover, junto a gola do casaco ao meu pescoço arrepiado e profiro.

“Agora é tarde demais. Você queria ser meu e não o permiti. Te amo agora e para sempre.”

Deixo a tulipa vermelha junto à sua foto.

As muralhas foram quebradas.

Como conseguirei seguir em frente?

Sofia Sousa

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