Quando já se tentou de tudo

A saudade estava doendo em nós dois e a falta sentida machucava a alma; depois de muito relutar e tentar seguir em frente, resolvemos nos encontrar.

Não sei bem o que queríamos com este encontro, nem quais eram as expectativas, mas era necessário.

Ao me deparar com você fiquei sem reações, sentia meu conflito interior aumentar, era um misto de alegria, desespero, vontade de te abraçar e ao mesmo tempo de sair correndo dali.

Pensei comigo “deixa de ser idiota, você é adulta, vai encarar este encontro e definir se fecha essa porta ou a escancara de vez.”

Então vamos lá, enfrentar nossos monstros…

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Nos sentamos, pedimos algo pra bebericar e tentamos de todas as formas conversar naturalmente. Mas não fluía.

Falamos sobre tudo. Desde aplicações, o mercado financeiro, compra de imóveis, mudança de trabalho, mas o assunto — “nós” — parecia algo proibido, algum acordo tácito, avisando que se falássemos da gente, iria tocar na ferida e detonar um novo furacão.

Respeitando essa voz silenciosa, ficamos horas e horas falando bobagens — na verdade eu já não estava prestando atenção em nossos assuntos — eu olhava pra você e só me perguntava, o que eu estava fazendo ali, o que houve com nossos sentimentos, nossas vidas?

Olhava e não reconhecia a pessoa por quem me apaixonei um dia, não reconhecia planos a dois, nem um futuro compartilhado com você.

Algo por dentro gritava que era o fim, que já não haveria nada, nenhuma palavra, nenhum gesto que nos fizesse voltar no tempo e resgatar aquele sentimento que num dia nos fez amar tanto e em outro nos adoeceu.

As conversas desconectadas foram substituídas pelo silêncio e ficamos sem fala, sem energia, sem nada!

Olhei pro relógio, hora de ir embora… chamei o garçom e pedi a conta. Mais um minuto olhando um pro outro sem nada enxergar. Me levantei, dei um beijo no rosto dele e fui embora sem olhar pra trás…

Uma porta invisível estava se fechando atrás de mim e a chave já nem existia mais.

Meire Rodrigues

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