Para onde a gente vai quando acaba o amor?

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E agora? Passado esse período de dor e luto, quando as lembranças já não são tão pesadas, pra onde vai o amor?

Fico pensando onde está esse sentimento, se ele realmente um dia existiu, pra onde foi?

Onde foram parar aquelas tardes ensolaradas de chopp no calçadão?

Aquela alegria ao chegar em casa e vê-lo com um sorriso estampado no rosto?

As reuniões regadas a amigos e gargalhadas?

As conversas que se estendiam madrugada afora e, quando dávamos conta, o dia já estava amanhecendo?

Pra onde vão os planos de uma vida a dois?

Nossa viagem pro Egito?

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Nossa casa na praia?

O financiamento do carro novo?

E os filhos que teríamos?

Onde foi parar tudo isso?

Eis aí uma nostálgica reflexão:

Estou aqui agora, depois de passar todo esse momento turbulento e todas as etapas do luto, a negação, a ira, a renegociação… o que faço agora?

Pra onde foi o amor?

Que sentimento ficou?

É surreal e horrível dizer isto, mas me sinto vazia, me sinto letárgica, me sinto… Não sinto.

E após pensar e repensar sobre tudo isso, chego à conclusão que essa ausência de sentimentos é um preparo para o que virá, é um momento de quietude, de ficar consigo mesmo, amar e abençoar cada movimento por mais inerte que pareça, por mais estagnado que seja.

Porque passado isso, você vai olhar para trás e vai descobrir que as perguntas mudam ou se reinventam, sei lá.

Lá na frente, você vai se conscientizar que ao invés de se perguntar para onde foi o amor, você estará se perguntando:

Para onde a gente vai quando acaba o amor?

Meire Rodrigues

Quando nos conhecemos

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