Almejado Perigo

Aventura tem um efeito extasiante de quebra de rotina. Uma droga pesada, cujo viciado não consegue desligar-se nem quando exposto a mais estratégica campanha publicitária. Não existe grupo de apoio, nem motivação espiritual eficaz na ruptura de tal necessidade. O disparar do coração, a perda das palavras. A adrenalina em sua essência, tênue linha entre o medo e a euforia, antagônica vontade de partir e permanecer.

O encanto momentâneo com a perda do sentido e, por vezes, até mesmo do bom senso. O charme do perigo, o mesmo que nos seduz a passar o dedo no merengue do bolo antes de cantar parabéns. O mesmo charme que nos dissuadis a saltar de paraquedas, apesar do tremor das pernas.

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Por vezes a insegurança é o que colore o dia. Um marca texto recordando nossa humanidade tão frágil e perecível, e a necessidade de arriscar-se em terrenos desconhecidos, em busca de nova rota para silenciar o tedioso marasmo que o cotidiano impiedosamente nos impõe.

Frio na barriga é uma sensação instigante, um desconforto bem-vindo e desejável. Aventura tem cara de árvore que a mãe proíbe de subir, muro que a placa proíbe de entrar. Tem essa capacidade de transformar sãos em loucos, mesmo que por poucos minutos, apagando a coerência com adrenalina em rastro de fuga ou travessura. É preciso manter-se atento no relacionamento com a aventura. O conselho é abster-se, ou arcar com essa pá de sensações que viciam já no imaginar.

Deborah Anttuart

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