Quando seus pais se divorciam e você é apenas uma criança…

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O divórcio é um desses assuntos que muita gente enfrenta sobre os quais todos parecemos conhecer, mas nunca falamos sobre ele de verdade.

Talvez seja porque estamos acostumados com ele. Ou porque ele se tornou tão comum que achamos que não vale a pena examinar as implicações que um divórcio tem sobre os filhos que são pegos de surpresa — e, na maioria das vezes, são os que mais sofrem.

Eu demorei muito tempo para perceber que alguns dos meus comportamentos, respostas emocionais e crenças eram um subproduto do crescimento em um lar desestruturado.

Quando seus pais se divorciam quando você ainda é criança, algumas coisas acontecem com você:

1) você passa a vida se sentindo culpado pelo acontecimento; 2) você mantém distância da maioria das pessoas; 3) você tem dificuldades com as repercussões emocionais de ficar sem alguém.

Quando você ainda é criança e tem que ficar indo de uma casa para a outra, não sabe como lidar com a situação. Você ainda não tem idade para entender o motivo real da separação dos seus pais.

À medida que você cresce, você não fala mais sobre seus “pais”. É “mãe” e “pai”. Nunca “pais”. Porque seus pais não são uma unidade. Na verdade eles nunca foram. Você nunca se sente bem onde quer que esteja. Se você estiver em um lugar, fica ansioso para sair.

Você não se apega porque, se se apega, se machuca. Você aprendeu a apreciar as pessoas no momento, mas elas estão fora de vista para algo mais sério. Não são elas, é você. É assim que você se protege.

Você não acredita no amor da mesma forma que pessoas que cresceram em um lar unido acreditam. Seu medo da separação constantemente te assombra. O que as pessoas sempre fazem é ir embora. Isto é o que você sabe ser verdade.

Então, você acaba saindo primeiro…

Quando algo começa a se tornar emocional e sério, você pega suas coisas e vai embora. Porque partir em seus próprios termos é melhor do que viver com o trauma de ser arrancado da pessoa que você ama. Além disso, na sua concepção, tudo o que é bom duro pouco e acaba. Por que esperar o seu mundo entrar em colapso?

Você ficou viciado em mudar, em desenraizar sua vida, porque esse é o tipo de vida com que você se acostumou. Você é bom nisso. Deixar uma vida em troca de outra é a sua zona de conforto. As pessoas podem ver isso como um ato aventureiro e corajoso, mas para você isso é normal. Ficar seria corajoso.

No entanto, manter-se e permanecer em um lugar é muito vulnerável para você. Você pode ficar confortável e desprevenido quando começar a deixar as pessoas entrarem em sua vida e preencher as rachaduras. Se alguém se tornar parte de você, isso significa que você poderá perdê-la um dia.

E se você sentir falta dessa pessoa? É exatamente isso que você quer evitar. A quantidade de saudades que você viveu já é suficiente para toda uma vida. Amar alguém significa ser vulnerável a essa pessoa e esse não é um risco que você está disposto a correr.

Você acha que aquele divórcio não te afetou tanto. Afinal você era muito novo na época. Uma criança. “Todo mundo acaba se divorciando um dia…”. Essa crença não sai da sua mente.

Mas, então você reflete um pouco sobre isso e percebe o quanto na verdade foi afetado. Talvez você tivesse dois anos ou seis ou dez e não se lembre tanto dos detalhes, das brigas, do momento da separação e, nesse sentido, talvez tenha sido poupado do trauma de ver sua família desmoronar.

Mas, a falta de uma peça prejudica todo o quebra cabeça…

É a falta de uma memória sólida, de lembranças, de momentos, de ter uma família de verdade. Apenas uma família. A sua família.

Talvez sua mãe ou seu pai ou ambos se casaram e construíram suas vidas. Mesmo que você se encaixe nessa nova família, mesmo que você faça parte da vida deles e eles te amem de verdade, nunca pareceu verdadeiramente com a sua.

Aquele senhor de bigode, mesmo que muito fofo e com ótima histórias para contar não era seu avô. Aquela ali na mesa da ceia de Natal não era sua tia. O seu bolo de aniversário não foi feito pela sua avó de verdade.

Eles não são seu sangue e o sangue nem sempre faz uma família, mas para você, isso importa. Você nunca teve a escolha para uma família. Isso foi destruído em sua mente antes mesmo que você pudesse guardar sequer uma lembrança. Você sentirá falta de algo para o resto de sua vida e nem saberá o que é. Apenas falta algo embotado e vazio, como uma coceira que parece vir de dentro da sua pele. Você deseja algo que nunca teve.

E realmente, você nunca se sentirá como se pertencesse a algum lugar. Nenhuma quantidade de férias em dobro ou duplas celebrações de aniversário poderiam compensar o que você realmente queria o tempo todo: uma família para chamar de sua.

Em vez disso, você tinha que se contentar com os pedaços de uma família desolada, mudando de uma casa para outra, nunca se sentindo parte de alguma delas.

Mas a verdade é que um dia você vai construir a sua própria família e eu te desafio a fazer todo o possível para não repetir a vida que teve. Bom… talvez você passe a vida procurando os fragmentos quebrados da família que poderia ter tido.

Mas você notará isso um dia, surgirá quando você não estiver esperando. Talvez alguém tente te amar e você não saberá por que não deixou, porque ainda continua procurando motivos para sair. Até que o AMOR te atinja como um raio e mude toda sua vida, você continuará procurando razões para sair, porque foi isso que você aprendeu.

O motivo pelo qual você mantém todas as pessoas que ama a uma distância segura é que, no momento em que você se sente vulnerável a elas, pode se machucar se elas te deixarem. Isso te lembra do ir e vir de sua infância. O constante ir e vir que nunca acaba. A sensação de ser arrancado das pessoas que você ama por elas mesmas.

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