A lembrança dele me faz sorrir, e o garçom do bar é testemunha, e a garçonete do restaurante também. O Bibliotecário, e o atendente daquele café, e o taxista, seu Jorge, que tem aquele adesivo enorme da Oktoberfest colado no vidro de trás. Até o recepcionista do Motel é testemunha.
A lembrança dele me faz sentir saudades. Os corredores da praça são testemunhas de nossos olhares secretos e “disfarçados”, com uma atuação desprovida de credibilidade. Os nossos beijos, tão nossos, como se não houvesse uma multidão de pessoas ao redor. As nossas fugas, a nossa irresponsabilidade de tentar trocar qualquer coisa por míseros minutos ao lado um do outro.
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A lembrança dele me faz bem. Me faz acreditar que existem pessoas especiais, que simplesmente te completam de um jeito que todo resto se torna indiferente, e as diferenças se tornam irrelevantes, nem que seja só durante aquele curto espaço de tempo, entre as 8 da noite e as 5 da manhã, que mergulhamos em um mundo só nosso, onde não importa o que vem depois, ou o horário do primeiro compromisso.
A lembrança dele me faz cogitar pegar um avião e sair correndo, pra que minha roupa não perca o seu cheiro e essa lembrança continue viva ao ponto de me fazer sorrir, toda vez que as piadas dele me passam pela cabeça. Pra acalmar essa saudade que ainda nem tem motivo em existir. Essa saudade que me silencia a esperança e me motiva o medo. Medo de não ver ele de novo, de não encontrar um pedacinho que seja, nesse mundão cheio de gente.
A lembrança dele me faz ter certeza que valeu a pena, seja qual for o nome do que a gente sentiu. A presença dele me fez melhor.