Quanta representatividade existe na frase “não me faça pensar”. Quanto me representa! Eu, tão impulsiva, intensa e sentimental, não paro para pensar quando quero agir. Ajo, não impensadamente, mas intensamente, sem ficar mensurando ou pesando demais as coisas.
Apenas me permito, tenho coragem de fazer, de tentar, ir, voltar, falar, calar, me assumir sem máscaras e me colocar disposta a me doar completamente seja lá no que for que eu esteja metida.
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Entro em clara desvantagem com quem vem pronto para o jogo, contudo, como disse que disse Keanu Reeves, “não posso fazer parte de um mundo onde ser amável é uma desvantagem”. Logo, prefiro ser deslocada e não raro meio solitária, contabilizar nos dedos as pessoas de verdade que tenho comigo, do que fingir ser quem não sou, ou ser excessivamente política para ter números ao invés de pessoas.
Eu sou essa pessoa não raro frustrada pela mesquinhez e pela forma egoísta como as pessoas se comportam. Me recuso a aceitar a maldade que o ser humano é capaz de carregar dentro de si. Tenho um código moral, e ele frequentemente me leva a desilusão. Minha visão romântica da vida me permite, no final das contas, enxergar as coisas com otimismo, razão pela qual mesmo balançando, sigo em frente.
Mas… Não me faça pensar! Como é comum as pessoas confundirem minha personalidade, minha persistência, minha disposição! Já me questionei se passo uma imagem errada de quem eu sou, porém, como permanecem pessoas valiosas, penso mesmo que causo apenas uma confusão.
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Dezenas de vezes ouvi e vi pessoas crentes do meu “para sempre”. Sempre vou morar aqui, trabalhar ali, namorar esse, suportar aquele e assim sucessivamente. Acho que eu me atiro tão de cabeça nas coisas que quem está envolvido pensa: “ela nunca vai embora, nunca vai desistir, não tem outra alternativa”. É uma possibilidade, viu?! Tenho total disposição para o “para sempre”. Até me colocarem para pensar…
Sou passional, mas com total capacidade para ser racional, se preciso for. O que acontece com minha racionalidade é que ela me rasga por dentro, me obriga a ser e fazer coisas que não são da minha natureza, porque eu preferiria um milhão de vezes usar minha passionalidade, se o mundo real assim o permitisse.
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Há, no entanto, sempre aqueles que preferem o teste arriscado da minha resistência. Não importa o quanto eu sinalize e mesmo escancare quem e como eu sou, o que preciso, o que não sou capaz de suportar, acho que não consigo ser clara o suficiente. Vão-se os amigos, as possibilidades de trabalho promissoras, os sentimentos bons, os amores bonitos, todos carregados pela obrigação que a mim é imposta de ser racional. Pensar!
Não me faça pensar. Não me leve a colocar as coisas na balança. Quando esse momento chega, temo, representa um “tarde demais”. Até o momento em que apenas sentia sem pesar, era inteira. Quando passo a sentir com pesar, me ponho a pensar.