11º mandamento: Não stalkearás

O namoro, relacionamento, ficação, o que quer que fosse, terminou. Não deu certo, depois de um tempo mais ou menos longo. O fim foi doído, chorado. Cada um foi para um lado, um sempre mais machucado do que outro, mas isso não importa aqui. Você terminou ou levou um pé na bunda. E a vida segue.

Ou deveria seguir. De algum canto obscuro da sua cabeça cresce aquela vontade nefasta que se transforma em obsessão. Quando você percebe, já é tarde. A garganta fica seca, as mãos tremem, o sovaco sua. E lá está você stalkeando a ex.

Facebook, Instagram, Twitter, blog. Foto ou comentário postado pela própria pessoa. Ou por amigos dela. Ou pelo novo objeto de afeição dela, nos piores cenários. Não importa.

Você irá querer exercer um controle digital total de tudo que ela fizer (ou fizerem com ela). Horas de sono e, provavelmente, oportunidades sociais perdidas, porque você não consegue parar de ver o fantástico mundo virtual pós-término da sua ex.

O que faria o Sr. Spock – ou um adulto minimante saudável – nessa ocasião? “Bom, acabou e eu quero seguir com minha vida. Mereço ser feliz. Para que isso aconteça, tenho que esquecer dela e dar espaço para que outras pessoas entrem na minha vida. Então vou me desfazer de qualquer lembrança.

O que inclui acompanhar o que ela postas nas redes sociais”. Muito simples, certo? Mas neste mundo, nada é tão simples e não somos, em nossa maioria, adultos minimamente saudáveis.

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Muito menos o Sr. Spock. Então nosso primeiro impulso nesses tempos líquidos é vasculhar as internet’s para descobrir o que ela está fazendo. “Ela está com aquele cara? Está chorando? Está feliz? Está na balada? Está com cara de quem já deu? Ou de quem quer dar? Ou de quem não quer?”.

O que nos leva a esse comportamento extremamente irracional e que tem o único objetivo de prolongar um sofrimento que já foi extremamente sofrido?

Podemos resumir de modo bem grosseiro esses motivos em um único item: falta de coragem. Não conseguimos – ou queremos – perceber que dali para frente, não existe mais a outra pessoa. Ela se foi. Para você, morreu mesmo.

O que restou de tudo? Apenas você. E é muito mais fácil tentar descobrir o que a outra pessoa está fazendo dali para frente do que cuidar de você mesmo. Porque fazer isso dói e não tem nada mais difícil nesta vida do que aceitar que está doendo sim. Porque não queremos admitir que precisamos chorar.

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Que precisamos daquela(s) noite(s) de lágrimas em claro. Que precisamos sentir o sofrimento e a tristeza. Que precisamos passar pelo inferno por um tempo que ninguém sabe o quanto vai durar. Nem nós mesmos.

Até que em um dia, começamos a esquecer da voz e do cheiro dela. De repente, as lembranças do que era bom começam a sumir e você se toca que ela era falível, que errou, que tinha bafo e que fazia merda. Que era humana. E morre, então, um stalker.

Caio Ramos

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