Há mais de um ano atrás, eu não estava bem. Eu estava na lama, me sentia mal. Então, você apareceu. Apareceu, me resgatou desse buraco sem fundo que eu caía dia após dia, me deu um chão, me abriu um sorriso. Em tempos de tempestades, tu eras sol.
Você foi o medicamento que tomei sem precisar ver médico. Um medicamento que achei não precisar me preocupar, pois não me viciaria. Mas sim, viciei-me. Viciei-me e, agora, meu remédio acabou. Meu chão sumiu, o tempo se fechou, meu sorriso se apagou.
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Tento entender porque me deixou. Porque não tentou mais, porque desistiu. Não sei responder. Por quê?! Me indigno, minha abstinência me engole, sufoco-me em lágrimas de um amor que se foi, e teima em não voltar.
Sempre jurei não desistir de nós. Não deixo de tentar, até quando isso significa calar-me e esperar. Já te dei tanto para que voltasse, se não o fez, não o quer. E cabe a mim aceitar. Mas a abstinência insiste em me matar, de dentro para fora.
De repente, a comida não tem mais gosto, o banho não é mais quente e, tudo que permanece em mim, é a dor de uma perda. É o luto. E mesmo não tendo mais força, mesmo não tendo mais vida, sonho com nós. E sonho que tu vais me achar de novo.
Mari Moreno
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