A vida é muito curta para relações sem sal

Foto: Breaking Bad

A maioria das moças que desabafam comigo possui o mesmíssimo problema: medo de abrir mão de homens que, com certeza, mais parecem pedras no caminho; e que, desde 2012 – ou seria 2010? -, já não dão mais alegrias e, muito menos, no couro.

Ela já não sente mais nada – nada mesmo! – por ele, porém, uma potente força interior a impede de colocar um ponto final nessa história enfadonha, sem língua no beijo e que há tempos já perdeu o friozinho na barriga. Ela é só mais uma em meio a milhões de pessoas que simplesmente aceitam – como se não houvesse saída – uma relação diariamente empurrada com a barriga e mantida à base de esperanças na reversão do irreversível.

Mas quem é ela? Você, talvez. Ou eu, em meu passado acomodado.

“Mas e se ele for o amor da minha vida e eu me arrepender disso no futuro?”, elas me perguntam, cheias de insegurança no olhar e tentando inventar justificativas para não sair, por nada, de uma zona de conforto ilusória na qual o tesão já não existe mais – e que é mantida apenas por influência do medo. Medo de quê? Medo de recomeçarem do zero (como elas mesmas me dizem) e de enfrentarem, mais uma vez, o novo, o inédito, o desconhecido. Medo de não encontrarem ninguém melhor do que aquele que voltará ao mercado. Medo de presenciarem o ex-namorado (aparentemente) dando certo com outra mulher. Medo de, pela sociedade, serem vistas como mulheres que falharam antes mesmo do casório. Medo bobo. Medo que não deve superar – em hipótese alguma – a fobia de viver uma vida sem sal e ao lado de alguém que não nos desperta nada, nem cócegas.

Elas, apesar de violenta insatisfação e do incômodo contínuo que sentem, não terminam a relação porque têm pavor de serem vistas, pelo júri popular e pela própria família, como mulheres que fracassaram no “jogo da vida”. Sempre que acabam com uma relação, elas se sentem voltando três casas em um imenso tabuleiro; como se o objetivo principal da existência humana fosse rumar em direção ao casamento e, consequentemente, às fraldas sujas. Grande bobagem! O objetivo da vida – se é que existe um! – é encontrar aquilo que traz felicidade a VOCÊ e aprender a se desapegar daquilo que faz mal a VOCÊ.

Ele é um médico bem-sucedido? A sua mãe adora o cara? Antes dele você já teve que desistir de dois noivados? As suas melhores amigas estão prestes a subir no altar? Que se foda! Nada disso importará se você não suportar nem ouvir a voz do cidadão. Nada disso fará sentido se você sente nojo de beijá-lo. Nada disso deverá ser levado em conta se, ao lado dele, você não estiver feliz.

Abrir mão do barrigudinho aí, diferente do que pensa, não é dar um passo para trás. Pelo contrário: é dar um importante salto em direção à sua felicidade e para bem longe da covardia.

Pare de inventar desculpas – e amor – para não deixar a rotina maçante que você já conhece. E, por favor, arrume coragem para navegar pelo desconhecido.

Faça uma faxina geral em sua vida: doe as calças que você já não usa mais, mude o velho corte de cabelo e, de uma vez por todas, aceite os deliciosos riscos de ser, mais uma vez, solteira e feliz. E se os outros começarem a falar da sua vida, apenas coloque um fone de ouvido.

A vida é muito curta para perder o seu tempo com a opinião dos outros e ao lado de alguém que não faz você feliz. A vida é realmente curta, mas a fila, por sorte, é bem longa. E anda, para o bem de quem precisa de novos ares. E arrepios.

EOH

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