Onde clica pra voltar a ser criança?

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Acordar cedo, ter uma rotina quase sempre exaustiva, enfrentar trânsito, engarrafamento, trabalhos intermináveis, fins de semana extremamente curtos e sorrir, por alguns minutos, ao quinto dia útil do mês. Ser adulto, na maior parte do tempo, é desejar, com todas as forças que se tem no corpo, voltar a ser criança outra vez. Longe de todas as obrigações. Principalmente as que dizem respeito a – dar certo.

Carrego dentro do peito a desculpa mais esfarrapada do mundo para postergar os meus sonhos, para adiar as minhas vontades. Para ser sincero, culpo a falta de tempo por tudo que não deu tempo de fazer hoje e, com toda certeza, por tudo que também não será possível fazer amanhã, ainda esta semana, mês, quiçá o ano que nem bem começou e lá já se vai como um sorvete que derrete antes da última mordida na casquinha.

Penso, todos os dias, comigo mesmo – eu tenho tantos sonhos, mas por que gasto mais tempo fazendo qualquer outra coisa que não me dá tanto prazer, quando, na verdade, tudo que eu mais queria era estar por aí, livre e sorrindo com as realizações dos meus anseios? A resposta tarda, mas não falha – boletos. Eles são os terríveis e grandes culpados pela minha extensa jornada de trabalho de oito horas diárias e quarenta semanais. Se a gente organizar bem, sobra tempo até para dormir e ainda tentar dar uns beijinhos em alguém.

Para ser sincero, tirando toda a parte do humor, já que esse a gente usa para tirar sarro de si mesmo, como se a vida, por si só, já não fizesse isso, é indignante ver a juventude escorrer por entre os dedos. É agonizante perceber que os dias estão passando e a fatura do cartão de crédito acumula frequentes rotinas de comilança. Porque pizza, às vezes, é a única coisa que nos dá prazer.

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Hoje, eu só queria dormir como uma pessoa qualquer e acordar rico. Ganhador da Mega-Sena que, se não me engano, deve estar acumulada. Queria ter dinheiro suficiente para ser meu próprio chefe, para escolher uma roupa pelo meu gosto e não pelo preço, para viajar sem precisar dividir em doze vezes sem juros, os quatro dias que vou passar em qualquer destino turístico que irá cobrar quase R$10,00 numa garrafinha de água mineral.

Queria, amanhã, ao acordar, ter a vida ganha. Mas, como sei que sonhar é bom, mas não enche barriga, sei que vou precisar vestir a minha farda de adulto contente e sorrir para o dia. Só não desisto de ser feliz plenamente.

Sei que, até então, tenho andado na corda bamba da felicidade, mas minha hora vai chegar. Ainda despenco do alto de uma crise de idade dentro de uma carteira recheada e tempo livre o suficiente para ser, ver, fazer, sentir o que eu quiser. Sem precisar me preocupar com o despertador que acabei de programar para amanhã – te vejo às 6h00 (depois de três sonecas).

Matheus Rocha

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