Às vezes, para seguirmos, temos que ver chorar quem nos ama…

Li por aí: “Faça o que fizer, não magoe quem te ama”.

Pus-me diante de um impasse…

Quando fazemos nossas escolhas, aquelas particulares, para nossa construção e bem-estar, precisamos colocar o foco em nossas necessidades mais íntimas. E elas não andam de mãos dadas com as necessidades alheias. Logo, é forçoso tomar atitudes egoístas que fatalmente magoarão pessoas que nos amam, ou que nos são muito valiosas, porque precisamos fazer uma escolha simplesmente complexa: entre aquilo que é bom para nós e aquilo que será bom para o outro.

Será que não somos nós quem nos magoamos com a expectativa frustrada do retorno que o outro não nos deu?

Será que não projetamos responsabilidades demais nos ombros das outras pessoas e, quando elas precisam se afastar um pouco, perdemos o equilíbrio da nossa vida até então escorada no alicerce que construímos apoiados em outras pessoas que não em nosso amor próprio?

Às vezes sinto um peso enorme nas costas quando penso que posso estar magoando alguém que é muito importante para a minha vida e minha história. Me sinto responsável pela felicidade dessa pessoa. Pela infelicidade também. Não sou. Mas é claro que não posso ferir ninguém deliberadamente, agindo de má fé, sem empatia, sem pudores. Isso é maldade.

No entanto, uma vez que eu esteja apenas tentando seguir meu caminho, embora isso cause mágoa, tristeza e desconforto em quem fica pela estrada, deveria me culpar pela dor que essa pessoa sente? Seja quem for, pai, mãe, namorado, ex-namorado, marido, ex-marido, filho.

Por isso penso que talvez a frase pudesse ser: “Faça o que fizer, não magoe deliberadamente quem te ama”. Talvez seguida de outra reflexão: “Permita-se seguir seu caminho, perdoe as pedras que a mágoa de quem te ama lhe colocarem. Deixe luz no caminho que ficou para trás”.

Às vezes, para seguirmos nosso caminho, temos que ver chorar quem nos ama… E temos que seguir mesmo assim… 

Ficar para não causar mágoa e deixar morrer a pessoa que somos, não seria assassinar nossa oportunidade de evoluir sem amarras e grilhões?

Culpa não é amor. A felicidade é para ser leve e não sei quem foi que inventou que a gente precisa sofrer para evoluir e aprender. A gente aprende pelo amor, ou pela dor. É uma escolha, compreende? 

Amar ou sofrer, as duas são uma escola… uma escolha. E às vezes permanecer para não causar dor, nos causa dor e sofrimento… e não nos ensina nada que não seja enterrar vivos nossos sonhos e nossa vontade de seguir além.

Luciana Marques

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