Realidade paralela

Esse barulho eu já conheço: é o ônibus que me leva pra casa. Esse cheiro eu já conheço: são os pastos que me levam pra outro interior. Essa mudança na cor do céu eu já conheço: é minha mudança de realidade. Esse sentimento eu também já conheço: é a saudade voltando a me habitar.

Foi um fim de semana, ou uma sexta pra desestressar, ou uma segunda pra animar, mas foi com você.

Muito beijo, muito abraço, muito carinho, muita presença, muito você. E de repente, nada mais. Como uma overdose e depois, a ressaca. Como duas vidas, duas realidades, duas rotinas. Com você e sem você. Uma eu queria me acostumar, a outra sou obrigada a aceitar.

E dizem que realidades paralelas não existem. Quando entro no seu carro é dia, quando me dou conta é noite. Quando entro no quarto é noite, quando saímos é dia. Como um portal do tempo, ou limite de sonho e realidade. Realidade essa que seria melhor se misturasse com o sonho. Ou se o sonho fosse realidade. Ou só não existisse essa diferença.

E cada palavra que escrevo, mais longe estou. Mas enquanto tento achar um final pra esse texto, uma mensagem sua eu recebo, e sei que, se igualdade de desejos e sentimentos nos torna próximos, posso dizer que vivemos juntos, (como) em uma realidade paralela.

Janaina Toleto

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