Não me respondeu, porque tem outras prioridades. Está com o tempo ocupado demais com novas distrações. Não me respondeu, porque escolheu deixar para depois, outra hora. Não me respondeu, porque ainda não conseguiu organizar as ideias. Não me respondeu, porque não está interessado ou com disposição para digitar por alguns segundos. Não me respondeu, porque não tem nada para me falar. Não me enviou nada, porque o silêncio é a resposta mais dolorida que existe. E tem consciência disso…
Sabe, eu não te culpo por não me amar ou por não retribuir os meus sentimentos. É natural que as pessoas não estejam na mesma fase, com intenções e sonhos semelhantes. Não é isso. Eu apenas acho lamentável você nunca ter lido os textos que te escrevi. Não que isso faria alguma diferença na sua vida, mas eu te falei bastante coisa, em cada linha que você bateu os olhos e não atentou-se nas palavras. Eu pensei, simetricamente, no encaixe de cada uma delas. Imaginei como você interpretaria o recado, previ hipóteses e sempre me preocupei com você. Querer o seu bem era apenas um detalhe da minha rotina incessante. Eu te vigiava em segredo, e cuidava dos seus passos. Antes mesmo de acontecer, eu te protegia. Te segurava e ganhava um sorriso seu, assim, desse jeito, sem dedicatória.
Eu sempre fiz muito por você, e isso não tem como negar. Não estou tacando na sua cara, muito pelo contrário. Saiba que essa é a última mensagem que te escrevo, e talvez a mais longa de todas. Se você não se deu o trabalho de ler nem as mais curtas, eu não colocaria a minha mão no fogo dessa vez. Mas espero, mesmo, que você chegue até o ponto final da última linha. Não farei rodeios ou dramas. Sem papas na língua, o meu coração é o responsável por todos os parágrafos aqui descritos. Leia com a alma, tudo o que o meu coração tem a dizer sobre você…
Você. Eu poderia escrever essa carta à mão, mas você sabe que a minha caligrafia não é das melhores e eu não quero ter nenhuma insegurança sobre a compreensão de cada vírgula. Quanto tempo te esperando? Te idealizando? Quanto tempo na expectativa de você se apaixonar por mim? Tanto tempo jogado fora, no lixo, descartável. Por você, eu vivi os clichês de amor mais ridículos que existem. Me esperneei, gritei, chorei e sofri, incondicionalmente. Levei inúmeros foras, bolos, ou como quiser chamar a sua ausência. Senti ciúmes do que nunca foi meu, ou em algum momento foi, mas que agora talvez tenha deixado de ser. Encarar de frente o caos para ter o mínimo da sua atenção. Eu me humilhei por você. Só agora consigo enxergar. Magoei pessoas certas, por conta de uma errada. Mergulhei no seu abraço como se ele fosse um porto seguro. De que? Você nunca, sequer, fechou os braços para me encaixar no seu corpo. É como ter certeza de que você não merece nunca tudo isso que estou escrevendo, mas continuar preenchendo esse papel em branco, com intenção de desabafar e sair de mim. De uma forma ou de outra, me sentir liberta a esse sentimento, a você. Eu não tive nada em troca, nenhuma moeda. É assim, aprendi que a maioria das pessoas dessa geração são carentes e jogam, umas com as outras, para não demonstrarem o interesse.
Eu realmente não consigo concordar… Qual é o problema de visualizar na hora e responder quando der e puder? De fazer uma ligação só para saber se está tudo bem? De ficar online enquanto digita? Não há nenhum problema nisso. Muito pelo contrário, é gostoso quando respondem na hora. Quando o a conversa flui, naturalmente. Quando não existem cobranças ou obrigações. Dar atenção não é sinônimo de desespero. Não adianta nada querermos muito, mas demonstrarmos pouco. Tudo é questão de equilíbrio, de reciprocidade.
É a indiferença que mata, aos poucos, o amor…
Você morreu em mim.