A pessoa certa mas na hora errada

O que você faria se estivesse se envolvendo com uma pessoa incrível que surgiu num momento em que sua vida está seguindo na direção contrária?

É tão difícil chegar numa conclusão clara onde o que está em jogo é sentimento, tempo envolvido e projetos de vida. As escolhas que fazemos envolvem sempre duas opções que colocadas lado a lado são fáceis de decidir. Ficar na cama ou levantar num dia frio? Ir para a praia ou ficar em casa no verão? Dificilmente você tem que escolher entre duas coisas tão interessantes que parecem ter peso igual.

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Ficar solteiro ou namorar? Os dois estados são agradáveis e desagradáveis em alguma medida, ambos dependem de habilidades diferentes e produzem sensações distintas, mas não é possível afirmar radicalmente que um é melhor que o outro. Dependendo do momento da vida ou do estado de espírito estar solteiro é uma vantagem estratégica. Por exemplo, alguém que decide fazer um intercâmbio e conhecer diferentes locais pelo mundo, esse é um projeto pessoal que é muito mais rápido, ágil e fácil fazer sozinho, sem nenhum constrangimento adicional.

No entanto, se nas vésperas dessa viagem você conhece uma pessoa incrível valeria a pena parar tudo para atender a esse outro apelo? Os idealistas e românticos diriam que sim, que vale namorar à distância, dariam exemplos bem sucedidos de pessoas que conseguiram. O ponto é que será mais trabalhoso, difícil e engenhoso fazer a viagem namorando. Para alguém que sempre esteve acostumado a namorar e viver uma vida pacata pode parecer tentador recuar na viagem ou arrastar o namoro à distância. Mas a viagem foi um compromisso consigo mesmo. É como quebrar um contrato consigo mesmo. Difícil, né?

Imagine outra situação de um casal que se conhece, se entende logo de cara, mas ele não quer ter filhos e ela quer desde-pequena-fanática-por-crianças-ama-muito-tudo-isso. Como seguir e abrir mão de algo valioso sendo que o contraponto não é necessariamente um caso de vida ou morte?

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Pessoas incríveis que surgem em momentos indigestos, de perda, luto, dor, ressurreição pode comprometer toda essa via de redescoberta pessoal. Não é possível ser ingênuo em envolver outra pessoa que não tem nada a ver com isso numa grande confusão a despeito de querer viver o que dá vontade sem pensar nas consequências.

Maturidade e desapego precisam falar mais alto na hora de dizer sim para uma coisa e não para a outra. Normalmente as pessoas dizem sim para tudo e embarcam numa confusão sem fim na tentativa de ajustar todas as suas vontades contraditórias numa caixa só. Depois passam um tempão justificando para si mesmas que tomaram a melhor decisão, mesmo que no fundo se arrependam.

Vale pensar, meditar e refletir que sim, existe pessoa certa na hora errada e nessa hora o que deveria contar mais é a hora (que é sua e intransferível) e não a pessoa certa.

Frederico Mattos

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