Não se iluda: morar junto é bem mais complexo — e difícil — do que dividir um quarto de hotel por quinze dias num paraíso qualquer.
Por que estou afirmando isso? Porque eu, quando estava prestes a me mudar para a casa da minha namorada, acreditava na seguinte lógica: “Se nossa convivência em viagens é fácil, assim também será quando morarmos na mesma casa”.
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Depois de alguns meses morando junto com ela, porém, percebi que compartilhar um lar — e a rotina que vem de brinde — exige atitudes bem diferentes daquelas que já havíamos considerado necessárias nas viagens que fizemos. Quais? Demonstrações constantes de paciência e capacidade de ceder, principalmente.
Ignorar comportamentos irritantes numa rua londrina com pinta de cartão postal, por exemplo, é muito mais fácil do que numa terça-feira normal — após enfrentar berros do seu chefe, um trânsito de bunda e uma enxaqueca de dar ânsia. Saca?
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Em uma viagem, a menos que você seja um ranzinza que reclama até das pombas da praça, a convivência tenderá a fluir fácil, sem grandes exigências emocionais. No dia a dia, no entanto, será muito difícil não se deparar com momentos em que, para demonstrar que está realmente disposto a fazer com que a união vá para frente, precisará ceder, substituir os gritos por uma contagem mental até mil e outras ações capazes de evitar conflitos e desgastes que, aos poucos, vão mimando o fôlego da relação.
Além de mais paciência e capacidade de ceder, morar junto nos obriga a agir de maneira menos individualista. Muito menos! Eu que nunca fiz questão de arrumar a cama, tenho esticado o lençol e o edredom com esmero todas as manhãs, por exemplo. E sabe por quê? Porque a cama agora não é só minha, e sei que preciso me esforçar para manter o ambiente agradável à pessoa que amo. Se eu fizesse questão da cama desarrumada, aí teríamos um problema a solucionar; mas já que para mim tanto faz, não custa nada manter do jeito que ela gosta, não é mesmo? Da mesma forma que ela, por minha causa, parou de guardar a banana na geladeira. “Mas a banana fica igual!”, ela me disse. “Para mim, não”, respondi. Então ela nunca mais gelou as amarelinhas. E assim, para tornar a vida compartilhada possível e agradável, fomos nos adaptando — eu mudei um pouco aqui, ela mudou um pouco ali.
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E se você não está disposto a fazer algumas adaptações, nem pense em morar junto. E se já está pensando nisso, desista. Falo sério! Porque sem disposição para fazer pequenas mudanças e concessões, tudo acabará em atrito, e de atrito em atrito, logo não existirá mais laço algum. Pior: o amor que hoje existe acabará soterrado pela raiva e por outros sentimentos horríveis.
Não escrevo este texto para desestimular as pessoas que pensam em juntar as escovas. Só quero que pensem bem antes de decidirem.
Apesar de todas as adaptações que precisei fazer e das vezes em que cedi em prol do bem-estar da relação, dos sapos que engoli e do barulho de unha sendo lixada que me atrapalha a minha concentração, dividir a casa — e a vida, né? -com ela tem sido fantástico. Algo que faria de maneira idêntica se voltasse no tempo.
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E fantástico, também, é saber que não precisamos mais nos separar depois de viagens longas. Pois, antes, quando ainda morávamos em lugares diferentes, depois que o avião pousava e enquanto nossas malas não apareciam na esteira, eu sentia um aperto no peito só pensar que meu táxi não iria ao mesmo lugar que o dela.
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Ricardo Coiro