Fotos na prateleira

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Já se passaram algumas horas desde que você foi embora e eu sigo tentando organizar meus pensamentos. Sei que talvez nada que eu escreva agora venha ter um sentido. Acho que a sua partida repentina acabou por me partir. Eu poderia não escrever esse texto, mas essa é a forma pela qual eu consigo vociferar ao mundo o quanto dói meu coração.

Eu poderia sair nas ruas gritando, berrando aos quatro cantos o quanto que eu vou sentir a sua falta, o quanto vou sofrer com a tua ausência, porém me detenho a ficar em silêncio e escrever sobre você. De verdade, eu não sei por que teve que acabar assim. Você realmente conseguiu estragar tudo, estragou o meu tudo. Sei que remoer não ajuda, entretanto guardar a dor só piora.

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Você sabe e sempre soube que minha maior vontade era que você ficasse, que me deixasse te amar, te dar carinho e te apoiar mesmo quando fosse uma decisão maluca e sem noção. Você sabe que eu ficaria e arrumaria tua casa e tua bagunça interna. A nossa bagunça. Mas você foi embora, não olhou para trás e nem sequer me disse adeus. E olhando agora a prateleira do meu quarto vejo nossas fotos arrumadas por ordem cronológicas. E chega ser engraçado, o jeito em que estamos felizes. A última mesmo foi tirada semana passada, naquele instante em que você roubou uma flor amarela em um jardim qualquer e a pôs em meu cabelo. Seu cuidado, seu toque, seu olhar, tudo era tão real, pelo menos parecia.

O que era vontade se transformou em desinteresse. E olha que falávamos disso. Apontávamos as falhas dos outros casais, como se estivéssemos ilesos. Porém, acabo de descobrir que nessa vida ninguém é ileso a nada. O que era felicidade vai se transformar em saudade. O que era nós vai se transformar em nó. E adivinha quem vai se embaraçar?

Hoje eu só quero acreditar na ilusão da sua volta e, mesmo sabendo que ela não vai existir, quero me apegar com a esperança de que eu possa estar errada. Que a qualquer momento eu vou ouvir novamente a sua risada mais gostosa, você me chamando de amor e eu te cobrindo junto ao meu cobertor.

Ou, talvez, toda essa vontade passe e daqui a alguns dias eu te esqueça e consiga viver a vida na sua total plenitude. Mas, enquanto esses dias melhores não chegam, vou continuar deitada olhando nossas fotos na prateleira.

Vanessa Pérola

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