Posso te chamar de menina? De minha menina?
Ah! Você já não quer mais esse rótulo, não é? Alcançou aquela idade mágica da vida em que a gente sonha com os anos que virão, faz planos para a maioridade, ambiciona a liberdade… Mas posso te pedir? Minha menina… Não cresce não…
Estou vendo você voar com as asas ainda imaturas. Você quer partir do meu ninho e eu quero te guardar num potinho, eternamente assim, só pra mim. Mas não vai ser assim… Todos os dias eu te vejo um pouco mais longe do que meus braços podem alcançar. Todos os dias eu sinto meu coração mais apertado e você achando exagerado esse meu jeito de amar.
Filha… Eu não fui a melhor mãe e infelizmente, nunca serei. Eu bem que tento, mas só sei ser assim desse meu jeito e vou me agarrando na esperança de que você não cresça sem perceber que seja do jeito que for, eu tenho por você o meu maior amor.
Um dia você há de repetir pros seus filhos o que minha mãe me dizia “quando você for mãe vai saber”. E agora, assim vendo você crescer eu compreendo o tamanho do sentimento que uma mãe é capaz de ter.
Mas… Eu posso te chamar de menina? Porque sabe, eu não vou te enganar, aqui dentro do meu peito, não tem jeito, você uma menina sempre será…
E essa flor da idade, hein minha filha? Quando foi que eu pisquei e você pulou daquele berço onde dormia tão serena para essa menina de alma tão linda, querendo deixar de ser meu bebê? E essa flor da idade? Essa sua mania de me desobedecer e crescer assim tão depressa? Pra que a pressa?
Um dia os anos vão se inverter… Enquanto você cresce e a vida te amadurece, eu vou envelhecendo e começo a retroceder. Um dia, em qualquer um desses dias que passam tão rápido, você vai me surpreender sendo uma mulher admirável e eu vou assistir você ali, no canto da minha velhice, com esse mesmo amor.
Mas enquanto isso… Posso te chamar de menina? Posso te prender num potinho e guardar num cantinho do meu coração? Posso te pedir: Filha… Não cresce, não!
Luciana Marques