Eu estou perdida nessa esquina, nessa tarde, no ônibus de volta para casa, no trânsito, no parar do semáforo, no olhar vazio da senhora ao meu lado.
Estou perdida nas canções enquanto olho a paisagem passar, na procura de, quem sabe, achar algo que tire um sorriso frouxo da minha boca.
Perdida nos pensamentos, em rostos e vozes, sussurros e suspiros. Passos, sorrisos , calores desconhecidos, novas pessoas querendo ser meus amigos.
Estou perdida nos deveres impostos por outros, nas conquistas materiais desnecessárias. No fracasso de ontem, na frustração de hoje, e também, no doce sabor de saber o que amo.
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Um pouco perdida no agora, sem saber como me comportar, o que fazer, o que falar. Nas dúvidas, nas decisões que tomei, na melhor escolha.
Estou perdida no silêncio, no barulho da festa, no escuro do quarto, no clarear do dia. No último livro, nos textos, nas poesias, filmes e fotos.
Sem entender – quem sabe talvez por estar perdida – aquela última mensagem, e-mail, recado.
Estou perdida no até logo, no abraço, na saudade sem explicação, na falta de direção, de coragem, de fôlego.
Me sinto perdida em ter que manter a pose de amarga, vazia, de forte, de fraca, de decidida, de feliz, de “eu não gosto” ou, “eu gosto muito”.
Perdida nos dias que não acontecem nada, e nos que acontecem de tudo. Nas vagas lembranças, nos que ainda me assombram, nos que se foram.
Me sinto perdida na necessidade de respostas, de retorno, de sinais. Da auto-cobrança, dos choros, impasses, incertezas.
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Acesse AgoraPerdida em saber que não sou mais criança, mas também não sou adulta. Perdida em não saber o que sou, agora, mas quem sabe amanhã.
Estou perdida nos sonhos lúcidos, nos não realizados, e nos que caminham de forma lenta em direção à mim. Perdidamente apaixonada por coisas que não posso ter, que não terei, que não quero tê-las.
Estou perdida pelo toque das mãos, pelo cheiro, pela confusão. Pelo afago, pelas texturas, ansiedades, e borboletas.
Estou perdida quando olho para o céu azul, ou com estrelas. Do vento no cabelo, no cheiro de terra, no gosto de fruta fresca.
Perdida quando o telefone toca, quando alguém chama meu nome, quando me elogiam e falam que sou uma pessoa legal.
Estou perdida por não ser a mesma, por não me reconhecer, estou perdida ao reconhecer, a pouco tempo, que sou a mesma.
Perdida por não conseguir me mover, correr, fugir, fingir, ficar. Perdida por descobrir que, pelo menos por enquanto, não importa o que eu faça, onde eu esteja, ou quem esteja ao meu lado, eu estarei perdida.
– Moça? Licença, eu vou descer!
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