Ela dorme de janela aberta

Tê-la conhecido me fez descobrir, na prática, o que pensadores e filósofos tentam explicar com extensos textos e diversas teorias: a vida é coisa simples!

Ela não possui olhos de cores raras, mas consegue enxergar o óbvio com a maior facilidade e sem dramatizar absolutamente nada. Não tem barriguinha fitness, porque sabe que gostosa mesmo tem que ser a companhia. Vira e mexe deixa o cabelo bagunçado pra sentir o vento, usa brincos pequenos, pinta as unhas de café e sai por aí de sandalinha com os dedos de fora…

Do tipo que dança sem música e ouve música sem dançar, ela leva jeito para tocar a vida! Usa acordes de silêncio para tocar o coração das pessoas. Sem muito esforço, sem apelar, sem fingir… Ela mistura todos os ritmos em uma batida só e sempre dá um show à parte quando resolve cantar suas melodias!

Dorme de janela aberta porque diz que o vento traz o cheiro da vida… Adora o calor dos dias de verão acompanhados da chuva no fim de tarde. Não existe tempo ruim para ela! Ela tem o costume de dizer que “Até as nuvens mais escuras tem um pouco de claridade…”.

Cultiva boas amizades, experiências gastronômicas e sempre está acompanhada de ótimos livros! Consegue de alguma forma ter o carinho no escutar sem julgar aquele que lhe fala. Ela apenas absorve o que ouviu e devolve com amor, as palavras e gestos que se fazem necessárias no momento.

Ela sonha. Sonha muito. Sonha alto! Mas o alto dela não é uma mansão em Paris, carros de luxo e bolsas caras… O alto dela é o alto de uma montanha! Uma casinha modesta, com cara de recepção e aconchego pela janela… Plantações para comer e animais para viverem livres pelos cantos. O alto dela tem a ver com o encontro da liberdade com a satisfação, e isso pra ela, significa ter coisas aos poucos e amores aos muitos… A liberdade é o oxigênio da alma dela!

Não consigo enumerar às vezes que ela me fez sorrir só por estar sorrindo. Acho que eu me apaixonei por ela, simplesmente por ela, ser ela mesma… E sendo ela, me fez enxergar coisas que sozinho eu jamais teria visto!

Ah! que saudades eu tenho daquela morena…

Cativou tanto o meu amor, que em todo lugar que eu vou eu vejo aquela boca pequena. Quantas coisas gostosas ela me fez sentir, e ainda faz… Mesmo sem pretensão nenhuma, ela deixou muitas manias dela em mim! Entre elas, “dormir de janela aberta”…

E nessas entrelinhas da vida, eu pude descobrir que não durmo de janela aberta esperando o cheiro da vida, eu durmo de janela aberta porque o vento usa o mesmo perfume que ela!

Leonardo Cabral

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