E se você permitisse?

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Olhando para ela pude notar que, talvez ela ainda tenha medo do escuro, medo de se sentir sozinha e de pequenos insetos. Mas, mesmo com todos esses medos bobos, era possível notar um enorme desejo e uma coragem absurda de amar. Bom, entre um verso e outro, uma prosa cai bem. Me aproximei. Já me sentia fisgado por aquela pequena misteriosa. Amor à primeira vista?

– Moça, quero te dar um abraço.
– Só um?
– Um que dure a noite toda. Vamos devorar um pote de sorvete, rir sem motivo e olhar as estrelas a noite inteira, bem juntinhos?

Um sorriso ainda tímido, porém sincero surgiu – foi rápido e espontâneo, seguido de uma resposta surpresa dela.
– Ando precisando de abraços longos, mas esses abraços sempre trazem decepções.
– Moça quer saber? Lembre-se sempre de deixar a porta do seu coração um pouco aberta, porque mesmo que só saia sentimentos frio dele – a qualquer momento aparece alguém que, entra, bate a porta e ainda será capaz de aquecer ele.

– Talvez. Errei quando deixei a porta entreaberta, quando deveria ter trancado e engolido a chave. Ele roubou o melhor de mim e foi embora. Ah o fim – um recomeço amargo.

– E se todo roubo fosse de beijo? Uns ficam com a saudade, outros com um outro alguém.

– Não sei. Aparentemente, quase ninguém vem para ficar. O lado ruim de conhecer alguém incrível, é que querendo ou não, o desapego dói. A distância dói, a saudade dói. E no momento estou preferindo não sentir dores novamente. Mas, porque me privar de algo novo, que pode ser tão bom? O que você está procurando?

– Agora, mais nada – encontrei você, pequena. E você procura algo?

– Motivos reais que me façam querer viver e não me arrepender. Ela afirmou sorrindo.

– Me deixa morar no teu abraço? Eu + você + beijos + abraços = Quando? Agora? Você quer?

– Quero muito! Mas tenho medo?
– Nós dois estamos afim. Você tem medo de que algo dê errado?
–  Sim, sou frágil.
– Calma, você tem medo e eu tenho toda coragem do mundo para segurar e não soltar sua mão.

– Sabe moço, terminei um relacionamento que me feriu gravemente. Por um lado eu quero esquecê – lo, mas por outro, eu sinto que ele é a única pessoa que vai me fazer feliz. Eu precisei de um ou dois porres pra perceber que vivo sem ele. É que sóbrio, ninguém raciocina bem. Ou seria o contrário?

– Moça, existem momentos que é preciso correr riscos, dar passos loucos. Garçom, por favor: dois drinques especiais da casa. Vamos brindar. E lembre – se que, também existe aquela felicidade que surpreende, chega devagar – e pede para ficar. E se você permitisse, eu seria aquele que fica, eu serei sua exceção nesse mundo onde parece que todos se vão. Sua felicidade será uma escolha, não um resultado. Nada te fará feliz, até que você decida ser feliz. Nenhuma pessoa irá te fazer feliz, a menos que você decida ser feliz. Sua felicidade não vai vir até você – ela só pode vir de você. Me deixa te amar? Prometo não te magoar. Por favor, dê o direito do outro ir, deixe que ele siga sua vida da forma que ele achar melhor. Sem rancor, sem mágoa. Você deve se dar o direito de viver. É hora de chutar da sua vida tudo que te impede de sorrir. Se você não entendeu meu olhar, não são minhas palavras que vão lhe explicar as coisas.

– Olha moço, você tem razão. E um brinde ao inesperado e as diversas formas que a vida nos dá para seguir em frente. Se nada der certo, estou acostumada. Já vou avisando que sou complicada.

– Moça, mas quais as chances disso dar certo?
– Disso o que?
– Eu e você.
– Ah, nenhuma chance.
– Então eu quero.
– Mas você não ouviu? Eu disse sem chance.
– Ouvi sim. Quem disse que o amor é feito de certezas? Se fosse assim, não existiria ninguém sozinho. A questão é você se permitir, e aí topa?

– Sim. Você promete que vai cuidar de mim?
– Sim. Vou juntar seus pedaços por onde passou.
– Mas moço, sou um quebra cabeça com peças faltando. Mesmo assim aceita?
– Aceito o desafio, remontar e ao final nos depararmos com a incrível imagem que se formará – eu e você juntos.

Anderson Mateus de Oliveira

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