Ainda existem vestígios de você em mim

Ontem eu me deitei com uma saudade imensa de você.
Ela foi tão grande, que nem consegui ficar na cama.
Inquieta, vaguei pelos cômodos aqui de casa, comi batata palha – senti falta de um vinho bem barato para acompanhar, como a gente fazia antigamente – ouvi músicas tristes e deitei sozinha no chão, olhando pro teto branco.
Céus, como eu odeio esse teto branco, com as paredes amarelas.

O caso, não é que estive insone, é que você surgiu nos meus pensamentos e me deixou perturbada.
Havia tempos que eu não pensava em você, sabia?
Acho que foi por isso que você reclamou sua presença dentro de mim.

Quando as lembranças surgiram, comecei a duvidar que você realmente existiu,
Pensei que era efeito das drogas que eu estava tomando para poder dormir e que estavam me fazendo alucinar com um sentir tão forte de você perto de mim.
Confesso que tive medo, e eu nunca tive medo de você, por mais que as pessoas, naquela época, diziam que era para que eu tivesse e me afastasse.

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Elas não conheciam você, como eu conhecia.
Elas não amavam você, como você se deixava amar por mim.

Foi aí que eu eu comecei a me perguntar
Esse amor tão grande existiu mesmo, ou foi tudo uma grande imaginação, para que eu pudesse lidar comigo mesma?
Talvez eu precise reencontrar pessoas que conheceram você naquela época,
Pessoas que provem que você existiu, que vivemos a melhor época da nossa vida e fomos destemidos.

Você me fez forte, sabe? – você ou a ideia de você, eu já nem sei mais.
Você me fez acreditar que eu era capaz, grande e, mesmo adolescente,
Que o mundo era meu e eu era o mundo.

Mas aí você se foi.
Colocou tudo isso nas minhas mãos e foi.
Mal lembro do adeus – caso ele tenha realmente existido.

E agora estou aqui, depois de tantos anos,
Novamente escrevendo sobre você,
Sem ter certeza se tudo aconteceu ou se eu inventei você.

Grazielle Vieira

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