Acontece que amar dói. E é amor, mesmo assim. Assim mesmo!

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Reparou que a dor e o amor fazem brotar palavras, sentimentos, reflexões e pensamentos maravilhosos, ainda que permeados de amarguras ou recheados de doçuras?

Estão aí as canções, os filmes, a poesia que não me deixam mentir, sempre carregadas de muito amor ou de muita dor, que ironicamente (ou não) rimam na escrita e curiosamente, na vida…

Mas o que acontece nos intervalos entre uma e outra? Porque os apaixonados tem muito a dizer sobre o amor e o quanto ele ilumina a vida e os corações dos que tem a felicidade de encontrá-lo. Do mesmo modo, os amargurados tem muito a dizer sobre como desacreditam da felicidade e reciprocidade de sentimento, quando o amor vira as costas e vai embora.

E no intervalo?

Vou te dizer o que acontece no intervalo entre a imersão no amor e submersão dele, para na sequência imergir na dor profunda do desamor.

Acontece a coexistência entre amor e dor. Exatamente! Acontece aquilo que você já leu por aí: “amar dói”. Acontece uma rima no contexto e você se torna capaz de conjugar os dois verbos na mesma frase. Como?

Amar provoca saudade… E saudade… Dói. Não significa desamor, só um amor imenso que não quer ficar distante.

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Dói, feito aquela dor gostosa quando a gente tira um sapato apertado, uma dor de alívio. Esquisito, né? Mas é assim que é…

Não tem nada mais gostoso do que sentir aquela dor de amor, um amor de certezas e medo, não medo por insegurança, mas medo porque a gente ama… E queria que PRA SEMPRE fosse uma palavra fora dos contos de fadas.

Não é medo de traição, de rejeição… É medo da ausência, da doença, da morte, da fatalidade, medo que algo além da nossa capacidade aconteça e intervenha nesse amor. E amando assim, dói.

Dói a preocupação com o futuro, com a segurança material, espiritual, a torcida para aquele projeto dar certo e a vontade de ter um poder além do normal para fazer seu amor ser sempre, permanentemente… Feliz.

Mas a gente não pode. Impotentes, imperfeitos, falhos, limitados, dói ver que só podemos ir até ali, quando dentro de nós não existe um limite para o que seríamos capazes de fazer, por amor.

Quando ainda somos apenas amor, na descoberta, nas fantasias, no princípio, nos sonhos que sonhamos acordados ao experimentarmos o amor, somos pura poesia permeada de sentimentos lindos, doces.

Se o amor se vai, se finda, se parte, se acorda daquele sonho e segue caminho, experimentamos a dor, imersos no amargor de crer que a felicidade perdeu nosso endereço.

Mas se o amor fica… Ah! Se o amor fica… Somos doces e amargos, há dias de amor e dias de dor, dias de saudade e solidão, dias de medo, dias de felicidade e dias de felicidade de dar medo. Somos gratidão e fé, prece e reflexão. Somos amor em uma imensidão tão grande que acabamos presos em nós mesmos e esquecemos de contar o que acontece nos intervalos entre o amor e a dor.

Ficamos ocupados em amar verdadeiramente, em construir pontes que nos levem até o horizonte certo que o amor nos mostra. Ocupados com as contas, os filhos, em costurar o presente para alicerçar o futuro. Ocupados em viver amor e dor, não na mesma proporção e nem necessariamente nessa mesma ordem.

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Acontece, no intervalo, de os dois coexistirem. De amar até doer. Acontece que amar, dói. E quem ama, chora, sim! Quem ama, sorri até a barriga doer. Quem ama, bate a porta com raiva na mesma intensidade que emprega na gentileza de abri-la para ver o amor chegar.

Engana-se quem vê o amor acreditando que quando ele está, a dor passa longe. Quem vê a dor e imagina que o amor partiu, só porque existem dias em que ela, teimosa, fica ali impondo sua presença.

Porque amar, dói… Mas é aquela dor gostosa, feito aquele alívio que a gente sente quando tira um sapato apertado. E se às vezes o amor doer, está tudo bem. Porque a gente tem medo da dor, de perder, de sofrer, de ferir e se machucar. Quem não ama, não sente essa dor, porque está indiferente a todos esses sentimentos e temores que só existem onde tem amor.

O que acontece nos intervalos entre o amor extremo e a dor imensa?

Acontece aquele amor… Verdadeiro… Que às vezes dói e todos os dias constrói, sobre o qual quase ninguém fala, não sei bem por que.

Desejo que você ame até doer e que sua dor, coexistindo com o amor, lhe traga a certeza de um amor bem vivido. Amar não faz sofrer… Não é sofrimento que lhe desejo. Só amor, o amor que vive nos intervalos.

Porque esse é o amor que é para sempre…
♪Cuide bem do seu amor ♪

Luciana Marques

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