Você deixou de ser saudade

Você deixou de ser saudade, rapaz.

Quando?
Na verdade, nem me lembro.
Só percebi, mexendo nas minhas coisas antigas, que você era só matéria ali.
Do pior tipo, se me permite enfatizar.

Você era um CD velho, um moletom e um anel.
O CD que nem toca mais, de tão arranhado e esquecido no fundo da gaveta.
O moletom que não fecha o zíper e fede à coisa antiga, guardada.
O anel? Aquele que você disse que era de ouro ?
Bom, deixou meu dedo verde há tempos.

VEJA TAMBÉM:

Coloquei todos em um saco preto, junto com todas as porcarias que juntei durante os anos, e coloquei lá na cestinha da calçada.
Fiquei da varanda, olhando para a rua, e não saí dali até levarem todos os vestígios de você.

Tive esperanças que um dia você seria apenas uma lembrança bonita que preencheu meus dias.
Mas sabe?
Nem isso você não é!

VEJA TAMBÉM:

Não me lembro de bons momentos de nós.
Só me recordo das brigas.
Será que realmente vivemos algo bom,
Ou eu inventei tudo?

No fim das contas, acho que sempre fomos um CD arranhado,
Um zíper quebrado,
Um dedo esverdeado pelas suas mentiras.

Grazielle Vieira

Compartilhe:
Rolar para cima