Vem cá e me diga que vai ficar tudo bem

Eu tento voltar minha atenção para outras coisas que, de preferência, não envolvam romance. Que não me mostrem o amor.

Que não me lembrem você.

Se eu ligo a Netflix, procuro filmes que não tenham nenhum tipo de sentimento fofinho envolvido. Qualquer um deles, eu bem sei, me faria lembrar de tudo que temos, ou, bem, tivemos. Sei lá. Será que já devo usar os verbos no passado?

Mas o fato é que, voltando para as distrações, nem o mais simples dos longas, para mim, está descendo. Eles param na garganta, tipo inflamação de gripe quando chega pra ficar. Até “Ratatouille”, com o ratinho Rémy e seu amor pela comida, me incomoda agora.

E com os livros é exatamente a mesma coisa, já que até aquele de investigação criminal, com nenhum casal dos sonhos, também me faz abrir uma brecha nas palavras para encontrar o seu nome de uma forma ou outra. E a minha série favorita? Nem pensar. Afinal, era ela que nós assistíamos juntos…

Meio sem perceber, me privo de tudo. Cortando as lágrimas, suspendendo o pesar e evitando o sofrimento, vivo um hoje muito diferente do meu ontem porque não sei qual caminho novo devo trilhar. Afinal, os velhos já estão decorados: eram feitos sempre da mesma forma, com você.

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É difícil pensar o tanto da nossa rotina que a gente entrega pra viver com outra pessoa. Os costumes, que eram só meus, passam a ser de dois. Aqueles que nunca fiz começam a fazer sentido com uma companhia ao lado. E depois, quando num momento inoportuno nos tiram esse alguém, temos que aprender a fazer tudo de novo, sozinhos.

Afinal, nascemos assim, não é? Mas é complicado encarar depois que se acostuma a andar acompanhado. Chega a conta daquela dependência sentimental e ela não é nada barata. Pesa no bolso na mesma medida que cansa o nosso coração. 

Para pagar, nos leva quase tudo: ficamos com a casa vazia e cheia de ecos e sempre vem aquele momento em que encostamos na parede fria para pensar sobre o próximo passo. Dói. Tão difícil recomeçar quando tudo o que eu queria era apenas o som da campainha tocando…

Dim dom.

De repente, volto a ter meu mundo no lugar certo, tal como era antes.

O céu volta a brilhar com estrelas e tudo aquilo que eu adorava passa a ter a graça do gosto bom mais uma vez. Você entraria e me daria um beijo. Depois sussurraria no meu ouvido que, sim, tudo vai ficar bem.

Depois dos Quinze

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