Eu falhei ao buscar respostas para aquelas questões que me fazia todos os dias. Nada encontrei. Nada encontrei além da dura verdade: há pessoas que não são feitas para permanecer. Há pessoas que são como o vento, chegam rápido e de repente, carregam para longe aquilo que suas forças e aparatos possibilitam e, vão embora, para bem longe. Tão rápido e tão de repente quanto chegaram.
Eu falhei ao acreditar que sentir bastaria, porque, na realidade, o sentir pode ir contra a razão. O meu sentir se confrontava com minha razão o tempo todo. Mas eu não queria racionalizar sobre minhas emoções, meus desejos, meus porquês. Não queria ficar me justificando para o espelho. Eu só queria sentir aquele vento levantar meus cabelos, tocar minha alma e me causar sensação de liberdade. Entretanto, há ventos que indicam prisão. Escrava eu estava do vento e das sensações que ele trazia até mim. Era o tipo de vento que prende, que causa desordem, que causa catástrofes.
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Mas, para mim, era o vento que eu julgava precisar. Eu julgava estar protegida de suas ameaças, de seus sinais de fúria, da sensação gélida e cortante que causava ao meu corpo. Eu julgava-o macio, seguro e um mistério a ser desvendado. Engano meu. Ilusão minha. Eu não podia imaginar, no fim das contas, que tipo de conteúdo, de clima, de sinais obscuros, aquele simples vento trazia. Por isso, eu, inocentemente, o acolhi. E acreditei amá-lo.
Sabe… Quando você é nublada por dentro, qualquer chuvisco, vento e indício de chuva te faz mais feliz. O vento fazia isso comigo. Ele me causava a ilusão de felicidade. Eu só não estava pronta para os trovões e, principalmente, para os raios cortantes, os quais, em seguida, vieram. Eles chegaram tão fortes, mas tão fortes, que cortaram-me ao meio. Cortaram-me em milhares de pedaços. E o vento… Tão esperto, tão leve, tão perverso… se foi. Rápido, frio e sem olhar para trás. Percebi, então, que o vento fora mais forte que qualquer raio. Porque, além de cortada em milhares de pedaços, partido meu coração ficou. Partido de um jeito que qualquer vento poderia carregar para bem longe de mim qualquer pedacinho dele.
Decidi que, embora seja nublada, eu preciso de um sol. Um sol que traga um novo significado; que traga com ele um sentimento quente, seguro e que possua luz. Um sol que seja uma das razões por eu desejar todos os dias um novo amanhã. Um sol que me faça acordar para aquilo que chamam de realidade. Um sol que faça amanhecer dentro de mim. Um sol que torne meu ser nublado em um ser de luz.