Sem planos, apenas essência

Sem pensamentos ardilosos. Sem jogo de sedução na mesa. Sem teatro, sem passo 1 ou passo 2. Apenas nós. Nesse momento, não sou eu, não és tu, não somos aqueles. Somos nós. Somos essa resultante, esse encontro de almas e discordâncias.

A ausência da busca pela perfeição, pelo ideal, convencional e clichê. Nesta tarde chuvosa de verão, somos essência, não aparência. Ele sorri despreocupado, bebe o café em menos de cinco minutos. Conversamos sobre passado, presente e futuro. A chuva nos mantém reféns da companhia um do outro. A chuva, implacavelmente, sobrepõe – se ao relógio, aos compromissos, a necessidade de partir. Nos deixa em cativeiro por tempo indeterminado, enquanto ele pede outro café, e eu revivo piadas antigas.

Essa leveza me cativa em uma proporção descomunal. Essa ausência de estratégia ou plano B. A oportunidade de parar no meio da tarde, para beber café e rir da vida. Rir das pessoas que passam correndo, fugindo da chuva. Rir da risada um do outro, de amores passados, de frases de efeito.

A chuva me manteve refém de sua companhia durante uma tarde inteira. Eu não quis argumentar, não tentei fugir. Não tinha um mapa comportamental, uma receita, um resultado esperado. Eu estava de cara limpa e alma lavada.

A chuva nos manteve reféns da companhia um do outro, durante uma tarde inteira. E nós sentamos no sofá em frente a porta de vidro, bebemos café e desfrutamos do sonoro som de tempestade e sorrisos sinceros. Finalmente, naquela conturbada tarde de verão, desprovidos de guarda chuvas, desprovidos de bagagens ou destinos; nós nos encontramos. De forma verdadeira e integral. E eu estou encantada por essa configuração do nosso “nós” em sua esplendorosa essência.

Deborah Anttuart

VEJA TAMBÉM:

Você faz ideia da mulher que tem do seu lado?

Compartilhe:
Rolar para cima