Por amor a gente fica, por amor a gente vai

por-amor-a-gente-fica-por-amor-a-gente-vai

Por amor a gente fica quando o abraço nos acolhe, quando o outro se importa com a nossa presença e faz questão de querer estar sempre por perto. Por amor a gente fica quando, mesmo com tantos tombos, mesmo com tantos erros, o outro não quer partir.

Por amor a gente fica quando o telefone toca só para saber se tu estás bem. Quando tu abres o teu livro e lá está um bilhete com poucas palavras a desejar-te uma boa semana.

Por amor a gente fica quando a tempestade vem e o outro quer abrigar-se em nós, quando o vendaval passa e o sentimento permanece forte. A gente fica quando as coisas não vão bem e o outro se importa com isso, conta uma piada sem graça como quem quer tirar um riso teu. A gente fica quando sente ser verdadeiro, quando sente paz. Quando sabe que o outro está disposto a ser morada e fazer morada em nós. Sem desculpas, sem mentiras.

Mas por amor a gente também vai, por amor-próprio nós também decidimos partir. Por amor nós deixamos de insistir no que insiste em não ser, em quem não quer ficar. Por amor, a gente vai embora depois do choro, depois das palavras que machucaram e das desculpas que nos cansaram.

A gente vai quando o outro não vê a nossa alma bonita, quando persiste em reparar em coisas fúteis e criticar por qualquer motivo. Quando o outro quer um amor passageiro, enquanto tu queres de janeiro a janeiro. Por amor a gente vai quando o outro quer fazer joguinhos enquanto tu já sabes o que queres. Quando o outro gosta de voltas e tu só queres olhar para a frente. Quando o outro quer pausas e retrocessos e tu queres avanço.

Por amor, a gente vai embora quando o outro não soma nada às nossas vidas, pelo contrário, nos diminui com a sua indiferença persistente. Quando não nos olha, não repara, não se importa. Quando somos opção e não prioridade. Quando a desculpa do tempo, do cansaço, dos inúmeros compromissos tornam-se diários. Quando tu não tens espaço na vida do outro. E então, por amor a nós, decidimos partir, não como quem desiste do amor, mas como quem sabe que isso não é amor.

E então, justamente por amor a nós mesmos, decidimos partir depois de tanto insistir, depois de querer tanto fazer dar certo. Mesmo depois dos raros bons momentos e das esperanças que brotaram do nosso coração. Decidimos ir como quem não pretende voltar, mas ao mesmo tempo surge o terrível medo de olhar para trás. No fundo a gente sabe que não vale a pena permanecer, que o outro não é morada. No fundo a gente sabe que apego não é amor e que insistir no que nos faz mal é falta de amor próprio. Então, por amor decidimos ir embora, pela saudade que temos do nosso riso sincero, pela saudade de sorrir com a alma e não apenas com os lábios, de sentir o nosso coração feliz. Por amor nós deixamos partir o que nunca fez questão de ficar.

Thamilly Rozendo

Compartilhe:
Rolar para cima