O peso da personalidade, do amor, da família e dos amigos na forma como nos relacionamos com o mundo e nele nos posicionamos. Este tem sido, ao longo de 20 anos, o plano de fundo do trabalho desenvolvido por Margarida Vieitez, especialista em mediação familiar e de conflitos e terapia de casal. Dessa experiência nasceu o livro “Verdades, mentiras e porquês”, publicado pela editora Edições Chá das Cinco, no qual partilha as dúvidas que tem ouvido e respondido em consultório.
Ao todo, são 500 perguntas acompanhadas por estratégias terapêuticas, segundas oportunidades que todos merecemos, porque como ensina neste livro a especialista, a felicidade deve ser uma escolha, procura-se e pode estar nas entrelinhas de várias respostas.
Descubra, à seguir, os ensinamentos que esclarecem muitas das interrogações que você pode ter:
– Nos relacionamentos há pessoas certas e pessoas erradas?
É comum ouvirmos falar em pessoas certas e pessoas erradas. Mas será que isso existe? Não creio. O que existe são pessoas que gostam de nós e nos fazem bem e pessoas que não gostam de nós e não nos fazem bem. Pessoas que nos fazem felizes, que podem ser os nossos companheiros, os nossos amigos ou fazer parte da nossa família.
Existem muitas pessoas com quem se pode construir uma relação saudável, plena de afeto, de amor e de verdadeiro sentido. Elas não são as pessoas certas. São as pessoas que têm a capacidade de o amar como você merece ser amado.
Procure escolher para ter na sua vida alguém que goste de você e lhe faça bem.
Evite também pessoas tóxicas. Afaste-se de quem demonstra, por palavras, atitudes e comportamentos, não gostar de você, nem te querer bem algum.
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– Como saber se é paixão ou amor?
O amor pode ser apaixonado, mas a paixão não é amor. Entende a diferença? Ninguém pode dizer que ama outra pessoa em apenas um mês. Se alguém lhe disser isso, não acredite. Para amar, tem de conhecer o outro e perceber se consegue aceitá-lo na sua perfeição imperfeita. É deste conhecimento que nasce o verdadeiro amor, que lhe possibilita, mesmo zangado, pensar que ama, elevando o que gosta.
Amor é conhecimento e aceitação. Paixão é desconhecimento e aceitação do que se gosta. Amor apaixonado é aceitação com ternura e sorrisos, sentindo a alma arder com um beijo e o espírito voar com um abraço. O amor é uma construção que se vai fazendo a dois, todos os dias, e que só depois de algum tempo se consegue sentir.
Atração física também não é amor, embora o amor possa igualmente crescer pelo caminho da atração, gerando proximidade e cumplicidade. Procure o verdadeiro amor. Embora algumas vezes seja raro, ainda existe. Passe pelo encanto e pela paixão e continue em frente, em direção ao amor.
É uma estrada que parece perigosa. Muitos se desviam dela! Mas, se continuar, poderá sentir o verdadeiro propósito da vida, que é conhecer o amor.
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Acesse Agora– Por que criamos tantas expetativas desde o primeiro encontro amoroso e como evitá-lo?
Nadar num mar de expetativas pode não ser fácil. Mas de onde vêm todas elas? Da necessidade de se sentir querido(a) e amado(a), da solidão, carência afetiva, inexperiência, de querer viver um amor muito cor de rosa, mostrar que finalmente está acompanhado(a), ser aceito(a), valorizado(a) e feliz. Quanto maior a idealização, maiores as expetativas.
Muitos focam naquilo que faz do outro e da relação. Dosear essa idealização e equilibrar esses anseios pode ser o primeiro passo para se sintonizar com a realidade. Ter como expetativa que vão casar, depois de um mês de namoro, pode tornar-se muito estressante. Imaginar, ao final de seis meses, que vão ter quatro filhos não parece muito adequado.
Pensar que a relação é perfeita e nunca vão discutir é, senão infantilidade, imaturidade. Equilibre as suas expetativas e perceba porque tem necessidade de idealizar o outro para que isso te proteja de situações mais dolorosas.
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– Por que é tão difícil terminar uma relação apesar de já não se acreditar nela?
Algumas vezes, escolhemos quem não devíamos, forçando-nos a acreditar numa relação sem futuro. Pode ser pelo fato da solidão, a querer viver uma paixão, ter afeto, uma pessoa em quem possa confiar, filhos, apoio, sair da casa dos pais, um nível econômico superior, ascender profissionalmente ou fazer ciúmes à ex-namorada ou ao ex-namorado.
A maior parte das pessoas não têm consciência disso. No início da relação, apesar de todos os avisos internos, acreditam que vão ser felizes e até fazem tudo para o ser.
Valorize a sua própria companhia. Enquanto não o fizer, vai escolher pessoas que nada têm a ver consigo mesmo(a). Em relação ao outro, a escolha de um companheiro deve ter como pressuposto gostar dessa pessoa e não outras razões.
– É possível alguém mudar por amor?
Pode acontecer que se queira tanto um romance que se pense que as coisas vão mudar. Mas o tempo passa e nada muda. Ainda assim, acreditamos na mudança porque queremos viver lindas histórias de amor. Isso nos leva a acreditar que tudo vai correr bem. Mas nem sempre assim acontece, muito pelo contrário.
E quanto mais queremos mudar o outro, mais caótica fica a relação. As pessoas não são cobras que mudam de pele frequentemente. Perceba se consegue aceitar essa pessoa com a pele que tem. Pensar que, por dizer que gosta de você, essa pessoa vai se transformar em outra é uma loucura.
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– Só se vive um grande amor?
Não! Podemos viver dois, três, quatro, cinco… Os que forem precisos, na prática… Mas, para que isso aconteça, tem de evitar esconder-se dentro de um iglu e viver lá para sempre, depois de o primeiro amor terminar, bem como acreditar que outro amor vai acontecer na sua vida. Não hipoteque a sua vida amorosa.
– Como criar um projeto de vida a dois?
Sonhar, projetar e criar objetivos a dois é muito importante. Uma relação que já dura há alguns anos e que continua a viver apenas no dia a dia, no “estamos nos conhecendo”, pode envelhecer precocemente. Conversem sobre o que esperam e como querem viver num curto e médio espaço de tempo.
Mesmo no início, passados alguns meses, conversar sobre como estão se sentindo na relação e o que gostariam de fazer dela pode gerar grande proximidade e cumplicidade. Definam atividades em conjunto, programas que gostem de fazer, viagens e novas experiências que gostariam de empreender a dois.
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Carlos Eugénio Augusto