Para minha doce menina

Ei, garota… você tem tentado ser forte, né?!
Você não quer chorar, mas as vezes as lágrimas escapam, não é mesmo?! Você está cercada de gente que quer se dar bem, e que usa você pra isso… e sabe qual é o pior? O pior é que você cede a isso.
Você diz não ter medo de ficar sozinha, diz que até já se acostumou e que prefere assim, que não tem pressa pra nada e tenta se convencer de que isso basta. Mas você está errada, menina. Porque no fundo você é uma garota confusa, que se sente amarga, que se sente a pior pessoa do mundo.
Não é dose de amor próprio que te falta, menina. Não é aventura. O que te falta é vida. O que te falta é luz.
Você era tão iluminada, que não via a escuridão das pessoas que se aproximavam de você. As segundas intenções eram tão escondidas que você não viu quando tropeçou em um buraco e caiu em um poço. E o pior é que você não viu também aonde foi a sua queda. Agora não tem como sair, não é mesmo?!
Como você sai se você não sabe nem onde está? Pois é, doce menina… lembra da criança que costumava ser? Lembra do gosto da inocência? Não? Mas aposto que você se lembra que já foi assim, inocente, criança feliz, mas você conheceu a maldade.
E você a conheceu tarde demais, minha pobre criança, tarde demais pra perceber o quanto de inocência roubaram de você, sem que você soubesse que estava corrompida.
Eu sinto muito por ter que contar a essa menininha cheia de sonhos dentro de você que as pessoas não são boas, e que você começou a acreditar que também não é. Porque toda vez que você pensa em ser, alguém te dá uma rasteira.
Pobre criança, não tem como ser boa sempre, não tem como ser boa em tudo.
Eu só te peço para que não encha sua vida de amores vazios, você não precisa disso.
Se eu te contasse que sou seu futuro te escrevendo uma carta enquanto você é uma menina usando uniformes para ir ao colegial, você acreditaria em mim?
Acho que não. E na verdade peço para que não acredite.
Talvez eu seja a única coisa que te resta nesse momento, isso é, se você ainda estiver lendo isso aqui.
Mas pense, querida menina, se for possível escreva, se não quiser escrever, tudo bem, chore, mas dê um jeito de tirar essa mão que prende sua garganta e que tapa seus lábios te impedindo de gritar.
Se liberte, se der. E se não der, faça mesmo assim. Você é dona de si mesma.
Só seja livre, doce menina, apenas, deixe-se ir além e esqueça os outros. Você vai sair desse buraco escuro.
Você pode cair, se arranhar, se machucar, mas isso vai parar de doer um dia e vai cicatrizar. Eu prometo que vai.
Não sei quando você vai voltar a sorrir.
Não… não estou falando desse seu sorriso forçado, estou falando daquele seu sorriso que até você sente falta de dar, depois de uma gargalhada tão boa de doer a barriga.
Eu espero que você fique bem, menina, lembre-se de que só quero ajudá-la.
Eu ainda estarei aqui se um dia precisar.
Com amor,
sua razão.
Nayane Bardo 
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