O dia em que eu troquei a qualidade pela quantidade

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Ainda me lembro de como ela andava com um brilho no olhar, quando nos conhecemos. Do quanto seu sorriso largo iluminava todos que a conheciam. Ela era amor, dos pés a cabeça, ela exalava amor em tudo que era e fazia, e eu não soube valorizar absolutamente nada do que ela tinha para me dar.

Desde que as coisas começaram a ficar complicadas, eu já não a via sorrindo tão sinceramente, tão livremente, como antes. Aos poucos eu fui tirando a vontade dela de mostrar suas covinhas para as pessoas, fui tirando a vontade dela de rir, sorrir, ser mais feliz sabe?! Enquanto ela me colocava cada vez mais para cima, eu fazia questão de coloca-la cada vez mais para baixo, e para ser muito sincero, até hoje eu não sei dizer o motivo pelo qual isso me fazia tão bem.

Lembro-me como se fosse ontem o dia em que percebi o desgaste na sua fala, o cansaço em continuar esperando que eu fosse melhor, que eu fizesse melhor. Lembro-me como se fosse ontem, da lentidão que suas lágrimas escorriam pela sua face, simplesmente porque ela custava acreditar que eu era exatamente tudo aquilo que todos diziam que eu era.

Ainda consigo ouvir sua voz rouca me dizendo que eu não precisava me tornar aquilo que as pessoas esperavam que eu me tornasse, e que eu não precisava desistir do que nós sentíamos pelo outro… Mas eu desisti, desisti da vontade de permitir que ela me fizesse feliz, desisti de tentar fazer jus a tudo que ela era para mim, tudo que ela fazia por mim, desisti de me esforçar em ser uma pessoa melhor. A verdade é que eu desisti de mim mesmo, e deixei a única pessoa que realmente me conhecia, e que mesmo assim gostava de mim, ir embora, e não consegui me desfazer do meu medo, nem da minha covardia, para impedi-la de fazer isso.

Eu não consigo mensurar quantas foram às vezes que eu a fiz chorar, quantas vezes que eu a fiz se sentir menor do que ela, de fato, é simplesmente porque eu não tinha coragem de admitir que ela era muito mais do que acreditava ser, e que eu teria que me esforçar muito para merecer tê-la do meu lado.

Eu não consigo me lembrar de quantas foram às vezes que eu a machuquei sem necessidade alguma, simplesmente porque eu era egoísta demais para fazer algo pensando menos em mim e mais nela. Eu não consigo calcular a quantidade de meninas que tenho estado para tentar provar para mim mesmo que eu vou encontrar algo melhor, que não preciso dela na minha vida, ou que, como dizem meus amigos, “quanto mais, melhor”. Eu estava com o melhor para mim, e deixei ir embora, pois acreditei que encontraria algo melhor, mas não, não encontrei.

Na roda dos amigos, gosto de me vangloriar do quanto estou cheio de contatos no celular, da quantidade de pessoas que tenho me envolvido, simplesmente para ter o gosto de dizer que estou rodeado “de quantidade”, mas quando chego à minha casa, e na solidão do meu quarto, me dou conta que estou completamente vazio por dentro. Percebo que posso conversar e estar com o maior número possível de meninas, mas ninguém me conhece como ela, ninguém se preocupa comigo como ela, ninguém me ajuda como ela, ninguém ri das minhas piadas ruins como ela, ninguém me dá bronca quando eu preciso como ela dá, ninguém é tão sincera comigo como ela sempre foi… ninguém é ela, ninguém nunca será ela.

Porém, a vida cuidou de dar suas voltas e fez com que ela encontrasse alguém que soubesse valorizar seu sorriso fácil, seu cabelo bagunçado, sua personalidade destrambelhada, e seu jeito carinhoso. Alguém que soubesse valorizá-la por todas as suas qualidades, alguém que não pensou duas vezes antes de desistir dessa vida volátil embasada no quantitativo, por ela. Eu perdi, e devo admitir que quem saiu ganhando nessa história foi ela, ela merecia mais, e no fundo eu sempre tive medo de não conseguir ser o que ela merecia.

Gostaria de voltar no tempo e desistir da ideia patética de desistir da gente, desistir dela, porque agora eu percebo o quanto fui covarde demais para admitir que tinha o melhor do meu lado, e que eu não precisava de quantidade, para saber que a qualidade sempre esteve ali.

Diandra Ferracini

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