Eu poderia ter todos, mas quero só você

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Se eu quisesse, meu bem, eu poderia ter muitos homens, mais do que você pode imaginar. Mais de cem. Ou de mil, sei lá.

Eu poderia ter homens que possuem Ferraris e homens que nem bicicletas quebradas têm. Poderia ter caras que sabem trocar chuveiros e caras que não sabem como trocar pneus furados. Poderia ter moços com barba de lenhador e moços que, como o seu avô, barbeiam-se todos os dias. Poderia ter rapazes que tomam whey protein e rapazes que, se pudessem, até na água colocariam um pouco de álcool. Eu poderia.

Se eu quisesse, eu poderia ter o vizinho do quinto andar; aquele que vive a arrumar desculpas para pegar o elevador comigo. O cara que, quando me encontra na garagem, sempre dá um jeito de rapidamente passar do “Oi” para o “Vamos tomar uma cerveja qualquer dia desses?“. Eu poderia.

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Eu poderia ter o cara mais bonito do meu trabalho; aquele que faz as estagiárias babarem, os gays usarem o termo “magia” e os outros homens inventarem defeitos onde, obviamente, eles não existem. Eu poderia.

Eu poderia ter algum dos tantos que, neste exato momento, estão puxando papo comigo no chat do Facebook. Caras que, em cem por cento das vezes em que fico online, vêm com um papinho besta pra cima de mim. Eu poderia.

De albinos a negões, de baixinhos a altões, de magrinhos a gordões, de carequinhas a cabeludões, eu poderia ter todos se quisesse, se dissesse apenas um rápido “sim”. Mas, se quer mesmo saber, eu escolhi ter só um: você.

Eu escolhi abrir mão de todos os convites que vivo a receber para esperar, ansiosamente, pelos seus, para qualquer lugar. Aliás, faz um tempão que você não me chama para comer aquele açaí delicioso. Que tal no próximo sábado? Hein?

Eu escolhi abrir mão dos tantos queixos quadrados – e que facilmente poderiam estrelar em comerciais de Cepacol – para ficar só com o seu, que para sempre carregará as cicatrizes do dia horrível em que a sua mãe me ligou para dizer que você tinha batido o carro. Quase morri do coração, confesso. Pois amo você.

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Eu escolhi abrir mão de mãos cujos dedos são retos e possuem unhas cortadas com precisão. E sabe por quê? Porque minhas mãos, quando estão entre seus dedos tortos com unhas roídas até o talo, não querem outro lugar para estar. E, quando não estão lá, morrem de saudade. Não sabia que os dedos também sentem saudade? Ah, e apesar de eu não ser mais uma menininha e de já ter jogado as minhas bonecas fora, adoro quando você me dá a mão para atravessar a rua.

Eu escolhi abrir mão da chance de experimentar o gosto de outras bocas para ficar só com o delicioso sabor da sua, sempre com uma pitada de Halls Preto e um quê de paixão adolescente. Paixão que, até hoje, ainda nos faz bater os dentes nas vezes em que parecemos decididos a nos engolir num só beijo, numa só lambida.

Não vou mentir: existem muitos homens atrás de mim, mas, sinceramente e sem exageros poéticos, você está muito à frente de todos eles, no topo do pódio do meu coração. E nenhum deles será capaz de ocupar o nobre lugar do meu corpo que já é seu, somente seu.

Luiza Fletcher

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