Erramos nessa insistência de querer ter alguém

Num dia desses, tive aquele papo com os amigos sobre como andam as coisas e os amores da vida. Entramos nessa de sentir falta de alguém. Um deles disse que estava à procura de alguém, e olha que ele tinha acabado de sair dum relacionamento. No mínimo, era para estar pensando mais em si, mais em qual viagem faria, em qual cachorro ia adotar; até mesmo se auto avaliar.

O outro, veio com esse papo: tô vendo aí, conhecendo; como se não houvesse opções, parecendo mãe puxando orelha, obrigando à ir na festinha do primo chato porque a gente tá de cara emburrada.

E é aí que erramos. Por que? Espie só: um defeito nosso é de não traçarmos os limites e não apresentarmos todas as cartas na mesa, escondendo o jogo logo de cara até o finalzinho do segundo tempo. É uma parceria, e não um contra um. E a gente se embanana todo nisso.  Partimos para aquele ‘’ah… não sei ainda; vamos ver no que vai dar”. Porque é um defeito feio da gente sermos individualistas às vezes quando não temos confiança de nós mesmos, dando de ombros para as certezas que, lá no fundo, sabemos. Ou por ouvirmos e vermos tanto que estar com alguém é sinônimo de felicidade; e aí nos apegamos nessa ideia e nos afundamos nessa coisa sombria de não podemos estar só.

Vou te contar, viu?,  a gente nem se prepara, nem faz listinha para checar e evitar os próximos erros, e já logo engatamos a segunda marcha sem ao menos puxar o freio de mão. E digo isso porque também estou de mão levantada nessa situação de ausência de alguém. Só que é diferente ter alguém do que gostar de alguém. E ficamos nessa caçada sem planejamento algum. E quando estamos a celebrar e brindar por superação por ter achado, esquecemos que sempre pós festa, tem bagunça –pra caramba – para limpar.

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Não cuidamos dos nossos interesses, tampouco de nós mesmos por sermos descrentes e acharmos que o comodismo é melhor que tentar ser feliz de verdade. Ficamos rebobinando as mesmas coisas, parecendo rotina de trabalho que a gente não aguenta mais, mas não podemos largar por causa das contas.

Aceitamos o pedido mesmo faltando sabor e ficamos nessa de mastigar e mastigar e mastigar, fazendo cara de quem tá gostando, mas tá empurrando goela abaixo sem água pra ajudar por receio de dizer que não gostou. Porque parece que tá tão difícil ter alguém, se apaixonar, ou é tão ruim estar só, que a gente fica se debatendo de desespero igual a peixe fora d’água que só sossega tendo água pra nadar.

Mas uma coisa que a gente não precisa é de mar pra respirar, e nem de mar para estar. É tudo uma conspiração que sofremos, sendo das redes sociais, das datas sazonais, dos aplicativos; e caímos numa vaidade tão supérflua…

Erramos nessa insistência de querer ter alguém quando, na verdade, precisamos insistir mais em nós mesmos, nos assegurando que a alma tá lavada e pura para ter esse sorriso de orelha a orelha para o que vier. Tendo estrutura para o emocional que estava abalado há dias – meses- atrás. Sem sufoco de desembuchar tudo no finalzinho, quase indo para a prorrogação, e sem precisar ficar nessa de rebobinar a fita mais uma vez.

Se vale ou não sentir pena de algo aqui, é apenas de nós mesmos que nos inundamos, tendo só a ponta do nariz para respirar esperando a maré alta baixar. E quando baixa, a gente sente aquele alivio e já quer logo tudo do começo. Bem coisa de gente trouxa que gosta de sofrer, né?

Mas, ó, faz um favor?  Pega caneta, papel e anota: na próxima, preciso melhorar. Mas agora, preciso cuidar de mim. E a gente levanta a mão juntos para essa de quem tá feliz só e se preocupando mais consigo mesmo.

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