Afinal, eu só queria…

Eu só queria que você chegasse em casa e me pegasses no colo, me encostasse contra a parede e me beijasse. Eu só queria que me ligasse no meio da tarde e dissesse que não vê a hora de me encontrar.

Só queria que me desse a mão e a levasse à tua boca para me dar um beijo inesperado… como eu tantas vezes faço. Só queria… Só queria que quando eu acabo de me arrumar para ir a algum lugar você olhasse para mim com aquele olhar de quem diz: ‘Eu tenho tanta sorte’.

Só queria que você parasse uns segundos para me dizer que me ama e que nem por um segundo se arrepende de um dia ter batido em minha porta e nunca mais ter ido embora. Eu só queria sentir que sou tão importante para você como você é para mim. Queria que você deitasse em nossa cama, colocasse o meu cabelo de lado e me beijasse no pescoço com ternura, que quando acordamos de manhã me abraçasse como se tivesse medo que o vento me levasse numa brisa para longe.

Queria que deitasse a tua cabeça no meu ombro, que me dissesse tudo o que sua alma sente, que me fizesse sentir que eu te completo… como eu acho que você me completa. Passei toda a minha existência a sonhar com um grande amor e…. é este o grande amor que você me dá? É este o grande amor que desejei tantas noites que passei sozinha a sonhar acordada com as musicas mais românticas que devem existir no planeta?

Quando eu tinha 16, 17 anos… Meu Deus como era feliz! Era imprevisível, eu era toda emoção, coração, paixão! Era vida que corria nas minhas veias. Amei como nunca em toda a minha vida jamais irei amar novamente. Amei com tanta intensidade que todas as entranhas do meu corpo se comprimiram numa só no dia em que ele me deu a mão.

Tão irônico… pensar que naquele tempo o mais pequeno gesto, e só porque foi feito com tanto amor, me fez sentir mil vulcões em erupção dentro de mim. Tão irônico, pensar que terminei aquela primeira relação ao fim de 3 anos porque não quis para mim uma pessoa morna. E hoje… passaram 10 anos… e você?

Você não me pega no colo e me senta na mesa da cozinha como eu sempre sonhei… não me da flores porque elas te fizeram lembrar de mim. Não. Não diz sequer que sou o amor da tua vida ou que você me ama. E eu… um dia após o outro aqui vou ficando, resignada ao fato de que é assim que tem que ser e perdida nas minhas noites… a recordar pouca coisa dos dias em que mais fui feliz e a me perguntar quando é o dia em que a água ferve. A tua… ou a minha.

Maria Rita

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