Você me deu montanhas mas eu pedi o mar…

Quem disse isso foi o Damien Rice, em sua música Volcano. Não exatamente dessa forma, mas acho incrível essa frase pois dentro dela tem uma lição muito valiosa que só aprendi quebrando muito a cara. Aí eu criei uma teoria que considero muito boa, (sim, sou modesta) que é a seguinte:

Quando a gente quer, nada é motivo, mas quando a gente não quer, tudo é motivo.

Deixe-me explicar:
Comecei a perceber isso nos primórdios dos meus relacionamentos, na adolescência. Tinha um menino da minha classe que eu gostava. Ele era muito legal, divertido e inteligente. Me ajudou a estudar matemática e passar de ano. Chegou o verão, ficamos longe nas férias e ao voltar para a escola vi que ele tinha raspado a cabeça. Fiquei perplexa com aquela cabeça enorme, meio torta. Acabou o encanto na mesma hora.
Depois esse tipo de coisa começou a acontecer várias vezes pelos motivos mais bizarros: um menino tinha a unha do pé no formato de uma raquete, um outro usava regata, também teve um que tinha o pescoço muito curto… eu sei, nada disso é motivo para deixar de gostar de alguém. Mas aí que entra minha teoria: quando a gente não quer estar com a pessoa, tudo é motivo para despertar o desinteresse. São detalhes bobos, um é meio baixinho, o outro alto demais… um tem uma risada escandalosa e o outro faz um som irritante quando está mastigando. São pequenos alarmes que soam na nossa cabeça indicando que não vai dar certo. Não porque a pessoa não seja bacana, ela só não é para você.
Claro que eu também já sofri com isso. Já fui dispensada por motivos banais, já fui trocada por outras meninas sem saber o porquê. Me olhava no espelho e me perguntava “O que eu não tenho? O que está me faltando?”. Já pensei que poderia ser minha falta de seios fartos, minhas coxas grossas… ou talvez minha timidez em excesso. Minha mãe dizia que era meu gênio forte que me estragava, e o fato de ter a boca tão suja quanto um estivador do Porto de Santos.
Todo mundo já passou ou irá passar por isso. E está tudo bem. Com você e com as outras pessoas também. Você não tem problema nenhum, e o outro também não, só que cada um traz consigo algo diferente, como diz a música. A pessoa está lá na maior boa vontade te entregando montanhas e mais montanhas… mas tudo que você precisa é o mar.
Quando você achar a pessoa que tiver o que você precisa, nada será motivo para descartá-la. 
As outras pessoas podem até fazer aquela cara de “ué?” quando você sair por aí com um cara cheio de tatuagens sendo que dizia detestá-las. Vão achar que você enlouqueceu quando você sair para dançar até de manhã com ele, sendo que sempre fugiu de baladas como o Diabo foge da cruz.
Isso não quer dizer que você vá mudar para agradar ninguém, nada disso! Você apenas vai reconhecer em outra alma tudo aquilo que você precisava. Tudo aquilo que sempre sonhou. Muitas vezes nem sabia o que queria e a pessoa já estava lá adivinhando seus pensamentos, e os alarmes serão substituídos por borboletas no estômago, os silêncios jamais serão constrangedores, o abraço terá o encaixe perfeito, e você finalmente irá se sentir absolutamente confortável sendo quem você é!

Com alguém que vai apreciar para sempre tudo que você pode oferecer. E esse alguém irá te entregar tudo e muito mais do que você precisa.
Então, se você precisa de mar, não se contente com montanhas.

Enviado por Thais Moreno

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