Regenerando-me

Eu andei pelos campos mas não consegui ir tão longe, corri pelas ruas mas nunca cheguei até o final delas. Estiquei- me na ponta dos meus pés pra conseguir ver o além mas nunca enxerguei mais do que rastros. A falsa sensação de plenitude e de liberdade era presente, minha ente, só não ente querida. Sempre saí por ai largando sorrisos em tudo que é esquina como quem entrega jornais em cada casa, pra tudo que é pessoa, me entregando a todo tipo de… gente. Me amarrando em todo tipo de galho, voando dentro de gaiolas, sei la… fingindo ser livre.

Cansei,

dormi,

acordei,

suspirei,

comecei desatando os laços, destravando os cadeados. Largando nas ruas minhas incertezas e continuo a largar tudo o que me vem na mente, sem receio de sentir falta, sem receio de sentir medo, medo? Desconheço, dizem que é um substantivo abstrato, composto por 4 letras, dizem também que quando ele se aproxima traz más sensações. Pois é, realmente desconheço que sentimento seja esse, soa-me estranho.

Se me houvesse a possibilidade de trocar de nome trocaria por liberdade, seria incrível ouvi-los me chamar de livre. Falar nisso recordo-me que um dia na minha ingenuidade, disseram-me que liberdade é uma questão de descoberta de si mesmo e sabe…? Acabei de dar de cara comigo mesma e sem a interferência da opinião dos outros eu caminho por ai livremente, apanhando pedras e flores pelo caminho e jogando em minha bagagem, porque agora eu consigo transformar as pedras em fortalezas, portanto quem quiser me jogar pedras, agradeço a contribuição.

Como um pássaro fora do ninho, como um botão que acabou de tornar-se flor, como o sol do amanhecer apresento-me a vocês de peito aberto, laços soltos e a certeza de que eu estou pronta para destravar todos os cadeados que vierem até mim.

Eu desejo a mim mesma, boas vindas ao novo. Derrubei as paredes da minha casa em uma tacada só e agora estou me processo de reconstrução.

Sarah Cabral

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