Quando nos interessamos por alguém, nossos olhos se enamoram, como se estivessem diante de uma cascata de fogos coloridos. É um momento único e a partir do qual surgirá um sentimento lindo, nobre e delicioso. Mas isso não é amor, esteja consciente. Não ainda. Porque primeiro nos encantamos por uma pessoa e só depois a amamos. É como se o encanto inspecionasse um terreno antes de o amor se instalar em definitivo. Trata-se de um estágio lindo, que é pré-amor; um momento em que o encantamento está sendo medido e a permissão sendo concedida.
O encanto serve de guarita, mas se permitir que o amor prossiga, a vida será uma autoestrada, sem limites para amar.
Os dois sentimentos têm uma parceria forte e são inseparáveis. O amor confia plenamente no veredito do outro.
Bom, acontece que até aqui tratamos da parte mais bonita do relacionamento. A mágica deste começo é por certo uma das experiências mais felizes e iluminadas da vida de quem encantou e se deixou encantar. Tudo parece estar nos conformes, tudo nos devidos lugares. As palavras são gentis, os gestos carinhosos, as mãos andam acompanhadas, os olhares têm destino certo, o coração acelera para fazer bem o seu papel de apaixonado. É uma festa!
Mas conforme o tempo avança corre-se um grande risco. O risco de o encanto desaparecer. É necessário muito, muito cuidado e um certo jeitinho para que isso não venha a acontecer.
Lamentavelmente, nem todos têm prestado atenção neste item de primeira necessidade dos relacionamentos. Prova disso é a grande quantidade de laços amorosos que têm sido desfeitos todos os dias, em todos os cantos.
A displicência é o que tem contribuído para a elevação desses índices. Quando se deixa de continuar o processo de encantamento, de conquista, ele vai desaparecendo. E, ainda que isso possa ser um processo lento, o encanto não sobrevive onde deixa de ser bem cuidado.
Tem gente que só se dá conta quando o encanto não está mais lá. Nem percebeu que ele estava sendo perdido em meio aos desinteresses, às desatenções e à falta de cuidado.
Lembremo-nos de que encanto e amor são inseparáveis.
O que podemos fazer para evitar esse mal é nunca deixar de fazer o nosso melhor : quando um relacionamento está nos fazendo bem, precisamos nos atentar a ele e com gestos nobres e incansáveis, cercá-lo de cuidado.
Se o encanto partir, o amor fará suas malas e não ficará, nem por decreto. Partirá também. E não existe relacionamento capaz de sobreviver a essas mudanças. Portanto, sejamos bons anfitriões! O encanto e o amor são hóspedes que nenhum relacionamento deve perder.
E sabe do que mais?
-Ver os fogos de artifício nos olhares de quem permanece encantado é sempre um espetáculo bonito de se apreciar.
Alessandra Piassarollo
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