Perfume vagabundo

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Era sexta-feira à noite, estava chovendo, quando antes de desembarcar do trem senti o cheiro do teu perfume vagabundo, aquele que você usa há 15 anos por ter receio de trocar.

Nem me dei ao trabalho de olhar para os lados para te procurar. Sabia que não era você. Não naquele dia, hora e lugar.

Mas não pude deixar de pensar em como era comum o seu perfume, tão comum quanto a vida que você escolheu. Não, não se engane, você não é diferente da maioria apenas por ouvir Rock e gostar de Star Wars, ou por ter saído de casa e ser “independente”. Você é igual a maioria! Pode balançar a cabeça discordando, eu não me importo. Porquê eu sei que você é igual a maioria que prefere o morno do comodismo ao quente do novo. E é por isso que você usa o mesmo perfume há 15 anos, pois tem medo de aceitar que existem coisas melhores no mundo, do que aquelas que você tem.

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Imagina gostar de um perfume diferente? É loucura! Aos 15 anos você se identificou com esse perfume e entendeu que nunca precisaria procurar outro, ele bastaria para a vida toda. Assim você agiu em outros aspectos da sua vida, porém chegou um momento que você sentiu falta de algo à mais, o morno não bastava mais.

Porém, essa vontade pelo novo, pelo quente não foi maior que o medo e apesar de se sentir vivo pela primeira vez em anos, preferiu recuar, afinal, se não se sente vivo, não se tem medo de morrer.

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Você voltou atrás e pegou de volta tudo aquilo que fazia parte da sua vida morna, perfumes, livros, filmes, sonhos e amores. Para você melhor passar a vida inteira no morno, no mais ou menos, no confortável, no comodismo. Só não se esqueça, é o mais ou menos que diferencia as pessoas que existem daquelas que realmente vivem.

Portanto, fique com teu perfume vagabundo, tão comum quanto você.

Flavia Miara

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