O encanto do desencanto

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Quando me perguntam qual a minha opinião sobre a diferença entre o amor e a paixão, a minha resposta é rápida e objetiva. Antes, vamos estipular que paixão não é só estar apaixonado.

Paixão, para fins elucidativos neste texto, compreende todo o período entre o “estar a fim” e o “eu te amo”. Então, a minha resposta sempre foi: a paixão é frágil, é andar na corda bamba sem rede de proteção a 200 metros.

O amor não, o amor é como estar deitado em uma rede a vinte centímetros do chão. Não é frágil, nada te derruba fácil, e é perto do chão. Se cair, dá pra subir de novo. A paixão não resiste a muitos golpes, ela bate bem, mas não resiste muito. Já o amor é resistente, suporta coisas graves, sérias, grandes, aparentemente sem solução. Essa é a diferença.

Chega a ser estranho. Você está bem a fim, “apaixonadinho”, dizem os amigos. Encantado. Ela ri, você sorri feito bobo. Ela te manda mensagem, seu coração quase sai pela boca. Ela fala que te quer, seu coração sai pela boca, vai até a esquina e volta. Vocês se falam o dia inteiro, de manhã, de tarde, de noite. Até que acontece alguma coisa e você se desequilibra na corda bamba, mas ela te manda uma mensagem fofa e você se reequilibra. Aí acontece outra coisa, você de desequilibra, quase cai, ela liga te chamando pra sair e você volta pra corda.

Aí acontece a terceira coisa, mais grave, você cai da corda, mas aí faz frio, você lembra dela, ela manda uma foto pensando em você e você consegue se pendurar e voltar para a corda. Até que acontece a quarta coisa, e você, por fim, cansa e se joga da corda.

As pessoas jogam com isso, mas jogam da maneira errada. Reclamam que o outro “não quer mais” ou “desencantou”. Julgam o outro por ter perdido o interesse ainda no começo, ou por simplesmente “parar de procurar”. Mas essas pessoas raramente pensam no que elas fizeram que foram, aos poucos, te derrubando da corda. Mentiras. Jogos. Omissões.

Coisas que, para quem faz, podem não significar muito, mas que, para quem sofre, significam tudo. E, no período inicial da paixão, ela raramente resiste. Porque se no começo é assim, a tempestade que se desenha no horizonte não vai demorar a chegar. As mentiras vão aumentar, os jogos vão se intensificar e as omissões vão ficar cada vez mais frequentes. No fim, a queda não é uma opção tão ruim.

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