Já faz muito tempo mas eu ainda me lembro do dia do fim. Naquele dia, pensei comigo mesma “se acalma, que daqui alguns meses essa ferida vai estar curada. Vai vivendo um dia de cada vez, sem pressa, que as coisas vão se acertar”. Foi o que fiz.
Nos primeiros dias eu te via em tudo. Em cada esquina eu te encontrava, e em cada rosto eu via o teu. Não era nem muito dolorido, não, era mais um incômodo, sabe? Te ter comigo sempre, assim. Mas os dias foram passando, pouco a pouco, e se tornaram semanas. De repente, as semanas também passaram, e se tornaram meses. E as imagens de ti, antes tão grandes e presentes, foram se tornando pequenininhas e longínquas.
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Hoje eu me despi e vi que as casquinhas das feridas secaram de vez. Pode cutucar que não sangra mais. Tem uns roxinhos residuais ainda, mas não tem problema. Não acho que sejam feios, não. Eu até gosto deles. Indicam que ali aconteceu algo. Que ali, o processo de cicatrização tá sendo concluído. Que ali, tem uma história a ser contada.
Hoje também me peguei pensando que faz tempo que não penso mais em ti. O dia que eu sabia que chegaria, chegou.
Os pensamentos, antes tão constantes, evaporaram. Estão guardados, em forma de lembrança, em uma nuvem no meu céu de memórias. E se quiser chover, tá tudo bem, que eu não me molho mais.