Eu pedi se tu tinhas certeza. Se era isso mesmo que tu querias, ao me deixar sair pela tua porta da frente.
Tu gaguejaste, em um tom de desdém, como quem não tem nada a perder, e me disse que não sabia ao certo, se eu era o cara certo.
Pois bem, quem sou eu pra julgar tuas decisões, teus anseios, tuas vontades de correr os olhos por copos cheios de promessas vazias de uma noite apenas.
Tu sabe, guria, eu não sou igual aos pixotes que tu costumas guardar as roupas esquecidas numa caixa, no fundo das tuas gavetas, como quem coleciona troféus.
Não vou negar, tua camiseta preta, surrada, e teus jeans de uma semana, continuam mexendo com o meu imaginário há alguns dias, mas nada de mais, nada que o tempo não guarde em alguma gaveta, daqui um tempo, ou que meu amor-próprio não taque fogo amanhã.
Meu erro foi ter cedido demais, deixar que tu fizesses gato e sapato das minhas vontades, brincando com meus sentimentos como quem brinca de roleta-russa com a própria mãe.
Chega, fim, ponto final.
É aqui que eu te deixo, podes comprar tua passagem só de ida pra liberdade, e por mais que tu batas no meu peito, ele já está fechado pra ti. Agora ele não abre mais, pela política da boa vizinhança mesmo, sabe?
Não me venha com esse papo de sermos amigos, de me querer bem. Sei que me queres bem e eu também te quero, bem longe dos meus olhos. Pode haver controversas, mas por ora, não passa pela minha cabeça retroceder a gostar de alguém que eu quero na cama, em uma mesa de bar a trocar figurinhas.
Ninguém controla o que sente, apenas sente e é isso que torna o querer e o gostar tão perigosos a ponto de tornar 20 minutos antes, tarde demais, dali 5 segundos.
Por hoje, te digo que estou tranquilo, não quero mais, mesmo querendo.
Tomo uma dose de realidade todos os dias para que não me perca em desculpas e nem me pegue ensaiando para te mandar mensagens no meio da noite.
Fico na certeza que sempre fui mais meu, do que teu; porque, na verdade, tu nunca foste minha.
Tchau, boa viagem! Eu vou ficar comigo. Pra ti, eu não volto mais.
