Lembra quando você era criança e queria muito um brinquedo?
Aquela boneca que falava ou aquele carrinho ultramoderno de controle remoto…
Mas seus pais se negavam a te dar um brinquedo, já que os outros pareciam completamente novos e perfeitamente “brincáveis”, não passando de mero capricho da sua parte querer algo mais moderno.
Então você se trancava em seu quarto e se recusava a conversar com todos e a brincar com os seus brinquedos, até que mais tarde, diante do distanciamento do momento, você percebia que amava aquela boneca que chorava, mas não falava e aquele carrinho de fricção que tanto te fez ganhar corridas contra seus amigos, não parecia assim tão ruim…
Neste ponto você entendia que só queria aqueles brinquedos novos porque via as crianças das propagandas com eles e como elas pareciam legais, mas a verdade é que você sabia que se divertia muito mais com aqueles brinquedos não tão modernos assim.
Aquela foi a sua primeira lição sobre o capricho e a sensatez.
A verdade é que era capricho querer algo só por querer e sensatez reconhecer que você era tão feliz com o brinquedo velho como poderia ser com o novo.
Afinal, quem fazia a diversão era você mesmo.
Você não dependia de nada daquilo para brincar de verdade.
Sua imaginação era seu guia de brincadeiras.
Ao perceber isso você desistia daquele brinquedo bobo que passava na TV e resgatava todos os velhinhos que já o haviam feito feliz.
Hoje você tem seus vinte e poucos anos e, se parar para pensar, se dará conta que as coisas não mudaram tanto assim.
Você continua sendo seu guia, mas não mais de brincadeiras, de felicidade.
O novo brinquedo é o seu relacionamento ruim na iminência de acabar, que no seu íntimo você sabe que pode ser feliz sem ele, mas que por um capricho o mantém acorrentado a você.
Aquele brinquedo velho que você rejeitava é você mesmo com medo de se olhar no espelho e descobrir quanto tempo você perdeu por esperar demais, mas no fim, foi lá e fez.
Colocou o ponto final e ganhou sua sensatez.
Então é isso!
Eu desisto!
Deixo de lado o pensamento do brinquedo novo e fico com o velho.
Com a velha eu.
Desisto não porque é mais fácil,
Mas na luta contra capricho e sensatez, nós sabemos quem deve vencer.