Saia logo desse seu relacionamento abusivo antes que ele acabe te matando de vez! (história real)

Meu ex-namorado está na prisão. Isso me faz feliz. Meu único arrependimento é que não foi eu quem o colocou lá.

Dizem por aí que você nunca se esquece do seu primeiro amor. Isso certamente é verdade para mim. Eu tinha 17 anos e ele tinha quase o dobro da minha idade e recentemente tinha se separado de sua esposa.

Nós fomos colegas de trabalho que se embarcaram em um relacionamento intenso e impulsivo, o que nos levou a morar juntos logo no primeiro mês de namoro. Ele era tudo o que estava procurando em um companheiro: forte, engraçado, inteligente e maduro. Tudo o que os cara da minha idade não eram.

Ele me inundava de elogios, me escrevia cartas para dizer o quanto ele me amava e bastava apenas um rápido olhar em minha direção para lotar meu estômago de borboletas. Parecia tudo tão perfeito.

Logo descobri que isso se tornaria no maior pesadelo da minha vida.

Nosso relacionamento causou um grande transtorno com meus pais que não conseguiam entender por que eu tinha que sair de casa e ir “morar com um homem casado”.

Claro que não era tão simples – ele estava separado de sua esposa e livre para seguir em um novo relacionamento. Eu tinha quase 18 anos e sempre fui mais evoluída além da minha idade, então essa resistência levou a uma cunha que ele estava muito disposto a explorar.

Eu não descobri até muito mais tarde que ele estava usando meu telefone para enviar mensagens abusivas à minha família enquanto eu estava dormindo e destruiu cartas que minha mãe enviou, implorando para que eu voltasse para casa.

O meu relacionamento com minha família estava tão tenso que eu nem passei esse Natal com eles e nem meu 18º aniversário. E é claro que ele não se importou com isso e sempre me dizia e que era “a gente contra o mundo”.

Ele começou a assumir todos os aspectos da minha vida sem que eu percebesse. Ele foi comprar roupas para “me presentear”, o que eu achava incrivelmente doce. Só que eu mal percebia que ele estava fazendo isso para ditar as regras. Ditar até mesmo a roupa que eu usava.

Ambos os salários eram depositados somente em sua conta bancária, então sempre que eu precisava de algum dinheiro eu tinha que pedir a ele. Toda vez que eu precisava comprar algo eu tinha que pedir pra ele, porque eu se quer tinha meu cartão do banco.

Se ele não gostasse de um dos meus amigos, ele me proibia de vê-los ou simplesmente me persuadia para não ir, dizendo que não estava bem ou que iria me preparar uma receita que tinha aprendido na internet.

Depois de meses de rejeição, alguns amigos até deixaram de me procurar. Passar todas as noites com uma pessoa acabou me deixando sufocada.

Nós deixamos de trabalhar juntos por este motivo e quando fui convidada pelos meus novos colegas de trabalho para uma bebida, falei sim sem se quer perguntar para ele.

Eu sabia que não tínhamos planos essa noite e que eu já era adulta, então porque eu precisava pedir permissão toda vez que fosse fazer algo?

Eu enviei uma mensagem para ele dizendo que iria chegar mais tarde porque iria tomar uma cerveja com duas amigas minha do trabalho. Não passou nem 5 minutos e ele me ligou gritando: “Com quem você está saindo sua vagabunda?”.

Na hora do almoço ele foi ao bar com alguns amigos beber e por isso esta estava bêbado e alterado. Eu disse a ele para parar de ser estúpido e desliguei na cara dele.

Ele me ligou de novo pelo menos umas 20 vezes, deixando mensagens abusivas no meu correio de voz. Eventualmente, desliguei o telefone e voltei para a minha noite, o que provavelmente era infantil, mas não mais do que ele estava sendo.

Três horas depois eu fui para casa e quando cheguei lá eu descobri que ele tinha me trancado para fora. Então toquei a campainha. Nada. Bati na porta. Nada. Na janela. Nada. Comecei a chutar a porta desesperadamente até que ele finalmente abriu.

Quando eu olhei na cara dele, eu vi a raiva torcendo-o em uma forma que eu não reconheci, eu soube imediatamente que ele queria me machucar. Ele gritou para mim e disse que eu não era bem-vinda, jogou minha mala cheia de roupas e me empurrou com tanta força, que eu caí de costas em um dos degraus, batendo minha cabeça contra a parede rígida e fria. 

Depois que passou atordoamento da batida na minha cabela, eu levantei e segui pela rua sem saber para onde eu estava indo. Sentei-me em um ponto de ônibus a poucos minutos do apartamento, mesmo sabendo que naquele horário nenhum ônibus passaria para me levar para o lugar mais longe possível.

Eu estava tremendo, chorando e tentando dar sentido ao que acabava de acontecer.

Essa foi a primeira vez que conheci o Monstro.

Uma hora se passou e eu peguei minha bolsa para ver se tinha dinheiro suficiente para pegar um táxi e ir para a casa dos meus pais quando ouvi passos e vi ele caminhando em minha direção. Ele estava chorando e soluçando e se abaixou de joelhos na minha frente e pediu perdão.

Fiquei espantada. Em 18 meses juntos, mal tínhamos discutido. Nunca pensei que algo desse tipo pudesse acontecer, então não tinha ideia do que fazer. Ainda sofrendo com as dores da minha queda, eu decidi voltar para o apartamento, tomei um banho e fui dormir.

Na manhã seguinte ele estava tão romântico que era difícil acreditar que aquele mesmo cara que me preparou um café da manhã delicioso, quase partiu minha cabeça contra o chão.

Eu disse a ele que precisaria de algum tempo para perdoar e confiar nele novamente e ele me prometeu que nunca mais faria algo assim novamente. Mas, infelizmente, os abusadores são realmente mentirosos.

Na próxima vez que ele me machucou, tivemos uma discussão depois de ele ver uma mensagem inocente no meu telefone de um número desconhecido. Ele apertou suas mãos em minha garganta até que eu disse que era da namorada do meu irmão e eu não tinha tido a chance de salvar os detalhes do contato dela ainda.

Depois desse dia eu tomei a decisão que nunca mais passaria por esse tipo de situação novamente. Arrumei minha mala e fui para a casa dos meus pais, onde implorei que me deixassem voltar. Como qualquer pais de verdade fariam, eles me receberam novamente de braços abertos. Ainda sinto muito vergonha até hoje, por tê-los feito passar por tal situação.

Nunca contei a eles sobre as agressões que sofri até porque, conhecendo meu pai, eu sei que ele mataria aquele desgraçado que um dia me atacou. Não quero que ele vá preso por pouca bosta.

Uma semana depois de eu me mudar para a casa dos meus pais e não responder nenhuma ligação dele, ele apareceu durante a madrugada e jogou um tijolo na minha janela para chamar a minha atenção. Ele conseguiu chamar a atenção de toda a casa com isso.

Eu fui falar com ele e ele me disse que estava se medicando para tratar de sua “doença emocional” e que estava disposto a ir a um psicólogo de relacionamento se precisasse. Ele me disse que sua ex-esposa o havia traído e que causou grande parte da sua paranoia. Ele falou sobre como se sentia irritado e sozinho depois da perda de seus pais e sua vulnerabilidade e honestidade me lembraram do homem pelo qual me apaixonei.

Nas semana seguintes, ele implorou para que eu voltasse para casa me bombardeando com flores e chocolates. Meus pais me disseram que estavam cansados do meu “drama” e queriam uma vida tranquila, então me disseram que sair seria o melhor. Eles praticamente fizeram a minha mala por mim.

Eu não queria sair, mas ao mesmo tempo não estava me sentindo bem em uma casa que eu não era mais bem vinda. Nos mudamos para uma nova casa para um novo recomeço.

Passei o tempo todo em nossa nova casa caminhando sobre cascas de ovos. Inconscientemente, para evitar o sofrimento e os olhares de outros homens, eu mudei minha inteligência, minha roupa e também meu peso.

Ele me prometeu que nunca mais seria agressivo comigo. Mas o que ele fez a mim, me marcou profundamente em minha alma.

Comecei uma compulsão por chocolate em segredo para algum conforto e tentei combinar o seu consumo intenso durante a semana. Qualquer coisa para entorpecer a dor com a qual eu estava vivendo naquele momento.

Por que eu não vou embora? Direto eu pensava sobre isso.

Liguei para o conselho local e o abrigo para mulheres. A Internet estava uma droga e as informações com as quais eu tinha acesso eram limitadas.

Foi-me dito que, enquanto não estivesse gravida, eu não era uma prioridade e aconselharam chamar a polícia se houvesse ameaças contra minha vida. Eu fui dormir todas as noites desejando que eu não acordasse.

E todas as noites eu também me perguntava o que eu fiz para merecer isso.

Tentei me tornar o mínimo atraente quanto possível para que ele não se sentisse atraído por mim e não viesse me tocar.

Eu não tinha amigos íntimos para confiar, mas mencionei para a namorada do meu irmão que estava tendo problemas na esperança dela conversar com meus pais e eles me deixarem voltar.

Ele teve que viajar algumas noites a trabalho e eu aproveitei esse tempo para passar umas noites com minha família. Eles pareciam preocupados comigo e com minha aparência desalinhada, tanto que me levaram ao shopping e me compraram roupas novas para que eu pudesse voltar a ter auto-estima novamente.

Nós saímos como uma família naquela noite e eu ri pela primeira vez em meses e quase acreditei que era um feliz 20 anos de idade. Eu tomei uma decisão naquela noite que seria para meu próprio bem. Mesmo que se meus pais não me aceitassem mais na casa deles, eu iria alugar um apartamento e moraria sozinha. Eu estava determinada a cortar meus laços assim que ele voltasse de viagem.

Só que o que e não percebi é que sua viagem tinha sido cancelada e ele estava me esperando em casa. Ele estava sentado no escuro quando eu entrei. Se eu tivesse percebido isso não teria entrado.

O Monstro tinha voltado à suas origens. O que aconteceu a seguir… acho que vocês já sabem né. Vou contar em poucas palavras:

Fui jogada da escada novamente, dessa vez tive até alguns dentes quebrados devido aos socos e pontapés que ele me deu. Fui jogada contra o espelho onde tive minha testa cortada, e nenhuma maquiagem apagava o roxo do meu olho, mesmo que se eu passasse 10 camadas de base. 

Eu acredito que algo fez com que ele não me matasse naquela noite. Eu estava certa de que iria morrer.

Durante a provação, ele ameaçou matar a mim e a toda minha família e me contou com detalhes gráficos o que ele faria com todos eles.

Imediatamente eu vomitei no gramado e corri para pegar um Taxi para ser levada ao hospital. Tive a sorte de não haver danos físicos permanentes, mas muitos cortes, solavancos e contusões que desapareceriam ao longo do tempo.

Eu não imaginei que mesmo 13 anos depois eu ainda teria flashbacks desse dia. Fui deliberadamente evasiva quando questionada no hospital, pois as ameaças feitas contra a vida dos meus entes queridos ainda se reproduziam na minha cabeça.

Liguei para meu pai e implorei para que ele me deixasse voltar para casa e disse que dessa vez o relacionamento tinha se acabado de vez. Eles perceberam o medo em minha voz e me deixaram ficar.

Recebi uma ligação na manhã seguinte de seu único amigo, explicando que ele havia se mudado da nossa casa naquela manhã e deixado a área completamente. Ele não deixou detalhes para onde ele estava indo e nenhum número em que ele poderia ser contatado. Fui para a casa com meu pai e recuperei meus pertences que estavam na lixeira.

Tenho muitos arrependimentos sobre esse tempo, com certeza. Eu devia ter relatado o que estava acontecendo para a polícia, deveria ter dito à minha família o que estava acontecendo ou confiado em um amigo. Eu poderia ter morrido – isso é sério!

Pouco tempo depois eu recebi a notícia de que ele tinha sido preso por ter esfaqueado e matado um cara numa briga de bar. Quando o processo chegou ao tribunal, descobri que ele tinha uma série de ofensas anteriores e duas ex-parceiras tinham ordens de restrição contra ele.

O Monstro era o verdadeiro ele e o bom rapaz era apenas um disfarce.

A experiência deixou sua marca. Hoje, a confiança é algo que é muito difícil de se ganhar comigo. Naturalmente, suspeito de pessoas que são “muito agradáveis” e acho difícil estar em um relacionamento por qualquer período de tempo sem acreditar que um dia eles se tornarão outros monstros.

E não consigo suportar pessoas tocando meu cabelo. Quando algum estranho toca meu couro cabeludo, aquelas lembranças malditas repentinamente aparecem em minha mente e minhas pernas ficam moles.

Levou muito tempo para eu escrever isso, mas depois de ter discutido isso com o meu conselheiro, decidi que era hora de dizer adeus ao Monstro, para o meu próprio bem.

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