É cilada, Bina. Não caia nessa não. Ou caia, se quiser, mas depois não diga que Santo Antônio lhe enganou. Quem não ouve “sossega”, ouve “coitada”. “A mulher certa conserta o homem errado” é ideia tipo armadilha e só te pega se sua vaidade for maior que a inteligência. Ou se você for muito ingênua, claro. Pense, avalie. Olhar criticamente nunca fez mal a ninguém.
Quem não quer ser “a mulher certa”? (“Nossa! Que mulher! Ele mudou por causa dela!”). Muito aplauso e purpurina. Quem não deseja esse troféu? Levantei meu dedinho aqui. Não quero não. Tô fora. Quem quiser que se conserte sozinho e chegue suave, meu bem. Aprendi desde cedo: eu luto contigo, mas não por você.
Consertar “homem errado” é missão inventada, que nos empurram goela abaixo porque mulher que é mulher, né… tem o dom de engolir, segurar a onda, lutar pela relação, comer pelas beiradas, operar o milagre da transformação.
Como diz uma amiga minha, “rebocar caminhão”. Às vezes, ladeira acima. Caminhão de lixo, cheio de entulho, e a mulher lá fazendo força. Sozinha. Não, obrigada. Vai machucar minha coluna.
Heroína de casamento? Salvadora de homem ruim? Há títulos mais nobres. Se for pra lutar, luto pelas crianças abandonadas, pelas mulheres que sofrem agressão, para acabar com a fome no mundo. Ou por mim mesma. Sempre, em todas as ocasiões. Mas não para botar homem no eixo. Aqui, todos têm passagem livre. Podem ir. Homem que me cria problemas pode ser o deus da beleza que não tem charme nenhum.
Seria bom se ligar em certas conversas do senso comum. Algumas regras sociais são convites pra sifudê: “Vai com jeito que ele melhora”, “ele é assim, mas ama você”. Uma lógica toda perversa justificando abusos mil. Sempre foi assim. Pergunte à sua mãe. E à mãe dela também. Procure saber e conclua: foi tentando consertar homem que muitas de nós viveram até aqui. Já chega, né?
Esse processo te joga, sem garantia nenhuma, em relações do tipo “moer gente”. O tempo passa e nada acontece. Você já amarga, ele nem aí. Não funcionou, mas por quê? Quem é que não soube resolver o problema? Quem é a incompetente? Você, claro. A gente ainda sai com a fama de não ser “tão mulher assim”.
“Ah, mas meu marido mudou”. Sim, pode acontecer. Valeu arriscar? Parabéns. Tem gente que cai da ponte e ta aí viva pra contar. Mas não é a regra, você sabe bem. Seja honesta, olhe ao redor. Mulher morre porque apanhou, uma semana antes, “pela última vez”. Ele jurou. Tinha perdido a cabeça. Nunca mais faria aquilo. E não fez. Na briga seguinte, matou. O padrão é esse aí.
Sim, são casos extremos e trazem outras questões. Mas de lógica parecida. Homens “errados” contam com o nosso perdão, com a nossa benevolência, com a nossa certeza inabalável de que eles vão “se consertar”. Deitam e rolam por isso. A gente acha que consegue. E é nessa que se lasca toda, observe. Ninguém “conserta” ninguém. Porque o óbvio também aqui se aplica: cada um só pode mudar a si.
Mas o que é um “homem errado” nesse mundo de diferentes desejos, modelos e projeções? Simples: o homem que você quer consertar. O homem que não cabe no seu sonho, no seu modelo de felicidade a dois. O homem cheio de arestas, o homem que te machuca. Pode servir para outra (ou ninguém merece, a depender). Mas esse homem não é para você. Deixa passar. Desapega. Gente é pra brilhar.
Há coisas negociáveis, são pequenos descompassos possíveis de resolver. Mas, se os erros se repetem, se tem agressão no meio, se você se sente sozinha, se estar com seu homem não se parece com a sombra de árvore que todo amor deve ser, siga seu caminho sozinha. Na boa. Nesse caso, vale repetir o clichê de que somos nós, as mulheres, que sabem escrever, nas relações que não prestam, um grande e definitivo “fim”.
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Acesse AgoraO “homem errado” quer ser desafio, te coloca numa disputa com ele mesmo, veja bem. É quem ele é (e quer continuar sendo) contra o que ele te promete e “só depende de você”. Dentro dele há o homem que você quer. Basta perseverar. Que perverso que isso é! “Se você quer, corra atrás”, ele parece dizer.
Cansa, desgasta, suga energia, te deixa pequena. É relação que propõe suportar, aguentar, resistir. Tem mulher que vive nessa. Ok, mas eu preciso lhe dizer: isso é guerra, minha amiga. E é como diz o poeta: “no amor, a gente fica em paz”.