EU QUERO COMETER O MESMO ERRO, DE NOVO

Leia ouvindo: Kiss It Better – Rihanna 

Esquece teu orgulho, eu já abandonei o meu faz tanto tempo. Já contei pros astros, pro mar, e pra mim mesma, que te preciso com urgência, mesmo ciente do quão errado nós somos juntos. Foi longo o caminho até ter a clareza de querer errar novamente, independente do julgamento social em vigor com os rescindentes, estou disposta. Corri pra longe, e quando a mente esvaziou, quando os olhos se encheram com a beleza da paisagem, eu soube no mesmo instante que queria tua mão na minha, pra viver o resto dos meus dias. Eu perdoei, eu esqueci, fiz as contas. Botei no papel o número de boas e más lembranças, e me surpreendi em perceber que o saldo era positivo.

A saudade veio de mansinho, bateu na porta vestida de curiosidade, performou nostalgia, e quando permiti que entrasse, ela despiu os personagens, e se mostrou em verdadeira forma. Eu sinto saudade de cada detalhe teu e da atmosfera que me sequestrava os pensamentos nos horários mais inoportunos.

Sinto falta das mensagens de texto, das fugas de fim de tarde, dos breves, e intensos, momentos de vulnerabilidade emocional, onde a gente esquecia do contrato de ser “superfície”, e mergulhava na história um do outro, dividindo o que existia de melhor, e pior, dessa bagunça que nos constrói. Eu ando te procurando nas músicas, nos corredores, nos copos de cerveja, mas só consigo te encontrar em mim, como se de uma forma, quase espiritual, tu fosses parte do que eu sou, da melhor versão que fui e quero voltar a ser.

Eu sinto saudades da inspiração que teu beijo significava, e do sorriso sincero que se desenhava no meu rosto, toda vez que te ouvia rir ou cantar, despreocupado e leve. Sigo presa às sensações, aos suspiros, ao suor que desprendia de nós e aproximava nossas almas do céu de forma singular, como se fossem uma só.

Eu já contei na mesa do bar, eu to contando nesse texto, na ridícula esperança de que a notícia passe por aí e te faça descobrir que eu quero errar de novo, contigo. Eu quero errar quantas vezes me forem permitidas. Só preciso que esqueça desse orgulho, e me deixe te pertencer novamente.

Deborah Anttuart

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